A premiada mandioca amarelinha

A mandioca é uma planta originária da América do Sul, há quem diga que nasceu no Brasil e depois se espalhou pelo mundo. Atualmente, somos o segundo maior produtor, o primeiro é a Nigéria. A mandioca é cultivada em todo o território brasileiro. A produção brasileira é basicamente para atender o mercado interno. Atualmente, o Brasil fatura cerca de US$ 136,250 milhões com exportações de amido de mandioca. Este valor é muito pouco, se comparado ao faturamento obtido pela Tailândia, que gira em torno de US$ 1,7 bilhão.

A mandioca desempenha elevada importância social como fonte de carboidratos na alimentação das populações rural e urbana sob diversas formas: in natura, farinha, fécula (polvilhos doce ou goma), amidos modificados, produtos de panificação (biscoitos, pães e bolos), massas (macarrão, lasanha e pizza), os produtos extrusados (snacks), beiju e tapioca. Há também variedades propícias para alimentação animal e usos industriais como a produção de álcool, plástico e até explosivos.

Com a adoção de lei que visa à adição de 10% de fécula de mandioca à farinha de trigo para a fabricação de pães, a tendência é que a produção brasileira seja incrementada. Outro fator que tem impulsionado o consumo é a facilidade que propicia a mandioca comercializada em pacotes feitos a vácuo com o produto cru ou então com a mandioca congelada pronta para fritar.

A mãe da mandioca amarelinha – Nos últimos anos, uma variedade de mandioca de poupa amarela, textura macia (que desmancha na boca), sabor até meio adocicado, rápido e fácil cozimento ganhou a preferência dos paulistas. E foi uma mulher, a pesquisadora Teresa Losada Valle, que desenvolveu a variedade IAC 576-70, conhecida entre os produtores como amarelinha. Essa variedade é fruto do programa de melhoramento de mandioca de mesa do IAC, que iniciou seus trabalhos ainda na década de 1930. Desde o começo, os pesquisadores priorizaram o desenvolvimento de variedades de mesa com características capazes de impactar o mercado consumidor. “A IAC 576-70 é fruto desse trabalho ininterrupto de vários pesquisadores do Instituto Agronômico”, afirma a pesquisadora do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. www.iac.sp.gov.br
Entre os programas de melhoramento genético realizados no Brasil que não sofreram interrupção com o passar do tempo, o programa de melhoramento de mandioca de mesa IAC é o mais antigo. “Quando o trabalho de melhoramento é interrompido, a retomada inicia-se do zero. Isso não acontece aqui e foi justamente por isso que pude desenvolver a IAC 576-70, em 1984”, diz Teresa, que graduou-se engenheira agrônoma na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/ESALQ, em 1977. Fez mestrado e doutorado na mesma instituição e iniciou sua atividade no IAC em 1983.

Essa variedade de mandioca chega a produzir o dobro se comparada com outras variedades de mesa, possui também maior nível de resistência genética a doenças e tem em média 350 miligramas por quilo de carotenóide, que é o precursor da vitamina A, que age como antioxidante. São essas as características responsáveis por tornar a mandioca de mesa IAC 576-70 a campeã de produção no Estado de São Paulo, representando quase 100% das 120 mil toneladas de mandioca de mesa produzidas anualmente pelos agricultores paulistas. “Produtores e consumidores têm preferência pela mandioca de mesa de raiz mais amarela. A IAC 576-70 é encontrada em quase todos os estabelecimentos comerciais de São Paulo e é muito usada para fazer congelados”, explica a pesquisadora.

Prêmio e ampliação de fronteiras – A IAC 576-70 foi a vencedora do Prêmio Péter Murániy 2012 – Alimentação. Há uma década, a Fundação Péter Murányi seleciona pesquisas capazes de melhorar a qualidade de vida das populações em desenvolvimento. A seleção dos trabalhos finalistas foi feita pelo Colégio Indicador 2012, composto por diversas instituições de pesquisa da América Latina. “Esse prêmio é o reconhecimento de um trabalho que não é só meu, mas sim de todos os pesquisadores que trabalharam no melhoramento da mandioca de mesa desde o início do programa, em 1930”, diz Teresa, A pesquisadora ressalta a importância desse prêmio também para a cultura da mandioca de mesa. “As pesquisas com a mandioca de mesa são mais valorizadas fora do país do que no Brasil, que dá mais atenção para a mandioca industrializada”, explica Teresa.

A implantação da IAC 576-70 nas roças e quintais do Estado paulista ficou a cargo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), que não teve dificuldades para sua disseminação, pois logo os pequenos agricultores comerciais perceberam que o cultivo da IAC 576-70 possibilita considerável aumento na renda, e os agricultores de subsistência viram suas roças de quintais cada vez mais produtivas. Hoje, a variedade ocupa quase 90% da área cultivada com mandioca no Estado de São Paulo e passou a ser testada em outros Estados, como Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com bons resultados parciais e pode, inclusive, ser usada na alimentação animal.

Dicas para escolher a mandioca na hora da compra
1. Verifique cuidadosamente a coloração da mandioca, ela não pode ter manchas pretas, por esse motivo é necessário que as pontas da raiz estejam cortadas, caso elas estejam inteiras, o ideal é pedir ainda no mercado para elas serem retiradas, somente assim você poderá verificar a qualidade da mandioca;
2. Verifique também a umidade da mandioca, a casca também precisa se soltar facilmente, caso essa casca esteja muito presa, talvez a mandioca não tenha qualidade suficiente;
3. Na hora de descascar a mandioca use uma faca bem afiada;
4. Lave muito bem a mandioca antes de consumir, o ideal é cortá-las em pedaços grandes, logo depois faça um corte grande na lateral. Corte os pedaços no mesmo tamanho, dessa forma o cozimento será feito de maneira mais uniforme;
5 Algumas mandiocas são vendidas em embalagens feitas a vácuo, nesse caso elas já são comercializadas sem a casca, verifique sempre a validade antes de comprar para saber se elas ainda são apropriadas para o consumo;
6 Use a mandioca logo depois da sua compra, pois elas não devem ser guardadas mais que dois dias. Para que elas durem mais tempo, é necessário descasca-las e armazená-las em um recipiente com água. Também pode ser congelada tanto cru quanto cozida;
7. Coloque a mandioca para cozinhar somente quando a água levantar fervura, pois dessa forma o tempo de cozimento será reduzido;
8 A mandioca possui uma substância tóxica chamada de ácido cianídrico, por esse motivo o ideal é cozinhar com a tampa aberta para que essa substância seja liberada.

Receita

Pão de mandioca

Dona Guiomar Della Togna Nardini , presidente da Nardini Agroindustrial nos passa uma deliciosa receita de pão de mandioca

Ingredientes

- 500 gramas de mandioca crua
- 600 ml de água (que cozinhou a mandioca)
- 2 colheres (sopa) de manteiga
- 3 ovos
- 1 xícara de chá de açúcar
- 1 colher de sopa de sal
- 100 gramas de fermento
- Farinha de trigo até a massa soltar da mão. (A massa deve ser mais mole que dura)

Modo de fazer

- Cozinhar a mandioca;
- Bater no liquidificador a mandioca na água que foi cozida. (Deve-se deixar esfriar a mandioca e a água antes de colocar no liquidificador)
- Despejar numa vasilha e colocar os outros ingredientes
- O fermento deve ser misturado com um pouco de açúcar e depois acrescentado aos demais ingredientes, antes de amassar
- Deve-se usar mais ou menos 1,5kg de farinha de trigo
- Deixar a massa crescer (ela dobra o volume)
- Fazer os pães (mais ou menos três pães grandes) e deixar novamente crescer
- Colocar num copo com água uma bolinha da massa para crescer. Quando emergir a bolinha de massa na água do copo, é hora de enfornar e assar.
- Pré-aquecer o forno em temperatura média e assar por aproximadamente 30 minutos ou até dourar a superfície.

É uma delícia, eu já provei!

Fonte: Luciana Paiva