Quando perguntaram para Valéria Cintra Assunção se ela realmente trocaria os imponentes prédios do centro da cidade de São Paulo para trabalhar de botina no interior paulista, a resposta foi simples e direta: “Claro, minha botina é meu xodó.”

Atualmente, Valéria é planejadora de manutenção industrial da Usina Santa Elisa. Quem passa pelos corredores da indústria e a observa trabalhar tão à vontade em meio as caldeiras e moendas, não imagina que ela está no setor canavieiro a menos de três meses. Ela tem sim muita bagagem na área industrial, porém, em um setor diferente do sucroenergético: o petroquímico.

“Nasci e cresci em São Bernardo do Campo. Após me formar, trabalhei por sete anos em um polo petroquímico de Santo André e, depois, mais sete em Cubatão. Depois de todos esses anos, acabei me cansando. Já não aguentava mais tanto barulho e pessoas estressadas. Além disso, era um ritmo maluco. Nas épocas em que as plantas paravam, de 200 horas mensais, eu chegava a fazer 110 extras.”

Após se desligar do setor petroquímico, Valéria ficou um ano e meio a procura de trabalho. Foi quando recebeu uma ligação da Biosev, perguntando se ela gostaria de participar de um processo seletivo. “Até então, nunca tinha parado para imaginar como se fabricava açúcar ou etanol. Além disso, só tinha ouvido falar das cidades de Sertãozinho e Ribeirão Preto, mas nunca realmente as conhecido.”

Quando foi contratada, Valéria sofreu um choque de realidade. Mas pra melhor, porque agora, segundo ela, estava no paraíso. “Aqui tudo é muito arborizado e, embora a indústria tenha muito barulho, eu consigo até mesmo ouvir os pássaros cantarem.”

Mesmo no “paraíso”, Valéria teve que colocar o capacete e começar a trabalhar quase que no momento em que colocou os pés na Usina pela primeira vez. O motivo? Ela chegou bem no meio da entressafra. “O primeiro sinal do que me esperava na Usina aconteceu ainda durante a integração, quando meu gestor veio até a sala e perguntou se eu já estava disponível para iniciar. Uma pessoa, que já trabalha há anos na Empresa, comentou comigo que nunca tinha visto aquilo acontecer.”

Entretanto, nem mesmo o ritmo acelerado da entressafra canavieira assustou Valéria. Segundo ela, na petroquímica, era tudo muito pior. “Lá, tínhamos 20 dias para descer a fábrica e remontá-la novamente. Aqui, mesmo com as janelas cada vez mais curtas, temos ainda três meses para realizar as manutenções antes que a safra comece.”

Atualmente, Valéria cuida da destilaria, tendo um cronograma de todas as atividades que foram programadas para manutenção e acompanhando o andamento de cada uma, verificando possíveis atrasos que impediriam a volta da safra. “Estou adorando trabalhar aqui, mas extremamente ansiosa para saber como será o ritmo desta safra, a minha primeira no setor canavieiro.”
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Fonte: CanaOnline