A presença da mulher na liderança dos negócios é uma realidade no Brasil e no mundo. No agronegócio essa situação não é diferente. São esposas, filhas, mães ou mesmo avós que, em um meio predominantemente masculino, se destacam pela capacidade de gerenciar as fazendas, criações, escritórios, gabinetes e outros setores, direta ou indiretamente, ligados ao mundo agro.
Alguns estudos sobre o assunto demonstram que, só no País, 27% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres. Na década de 1990, o sexo feminino representava 44,5% da força de
trabalho e esse número hoje é ainda maior. As profissionais brasileiras almejam bons cargos e batalham por isso. Só no campo, elas representam 43% dos 1,3 bilhões de pequenos agricultores do mundo, segundo dados da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Números da FAO, órgão da ONU para Agricultura e Alimentação, vão ainda mais longe. Nos países menos desenvolvidos, por exemplo, as mulheres economicamente ativas na agricultura
chegam aos 70%. Na África, elas executam 80% dos trabalhos domésticos rurais. Em relação às propriedades, em 15 países da União Europeia, as mulheres são proprietárias de 20% agrícolas, contra 77% dos homens e 3% do governo. São números muito significativos, especialmente considerando que essa é uma tendência crescente.
Para ter mais uma ideia do crescimento das mulheres nesse setor, no Brasil, o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) tem um departamento especial só para atender às agricultoras. Chamado de Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais (DPMR), o setor tem entre os principais projetos o Programa Nacional de Documentação das Trabalhadoras Rurais, o Pronaf Mulher, o Programa Organização Produtiva de Mulheres Rurais e a Assistência Técnica e Extensão Rural para mulheres (ATER para mulheres). É uma prova da importância das nossas executivas do agronegócio e, também, das próprias agricultoras.
Hoje, as mulheres buscam cada vez mais profissionalização, desde a formação acadêmica, até à educação especializada, mestrados, doutorados ou cursos de conhecimento aplicado. Elas se destacam e assumem posições importantes no campo ou na cidade, pois estudam e se preparam muito mais e melhor.
Na área em que atuo, vemos um grande número de mulheres em busca de especialização
e conhecimento aplicado no agronegócio, e elas são das mais variadas idades. É difícil estimar um número exato, mas esse ranking é crescente e a busca é de mulheres de todos os estados, mesmo aqueles que, antes, não tinham a cultura do trabalho feminino. A alta adesão aos cursos existentes pela profissionalização das mulheres em Gestão Rural é uma prova disso.
As mulheres são realmente pioneiras em inovar. Elas querem mostrar uma nova administração, mais sensitiva e adaptada às necessidades do mercado e, nesse aspecto, as informações e ferramentas em gestão e marketing são o caminho. Se as compararmos aos homens, de maneira
geral, são mais ágeis ao lidar com diversas situações simultaneamente, a arriscar em novos projetos e na formação de parcerias.
O rótulo do sexo frágil não existe mais. As mulheres de hoje são capazes de gerenciar a casa, cuidar do marido e dos filhos e, ainda assim, estão dispostas a trilhar novos rumos e trabalhar em outras áreas. Elas quebram os paradigmas, se cobram e cobram aos outros da mesma maneira. Com isso, exercem a capacidade de liderar e se destacam pela visão empreendedora. Elas não querem atrapalhar os homens em seus respectivos trabalhos, mas atuam a fim de somar na gestão, porque são capazes de entender questões estratégicas, que envolvam o seu negócio agropecuário, as cadeias produtivas, gestão da produção e finanças e dos negócios.
A atuação da mulher no campo também é um exercício de conciliação profissional e
pessoal. Como geralmente trabalham diretamente com membros da família, aprendem
a separar as emoções das cobranças profissionais. Deve ser assim para dar certo. Caso contrário, a relação entre trabalho e família estaria comprometida.
Mesmo com tudo isso, é preciso lembrar que ainda existe muito preconceito com a mulher no meio rural. Muitos homens ainda carregam um sentimento machista de que o sexo feminino não
tem espaço no campo, e que as mulheres não são capazes de entender e atuar nessa área. É por isso, também, que nós temos que seguir atrás de mais especializações e experiências. Para mostrar e provar que somos capazes de trabalhar em qualquer setor, mesmo naqueles que, antes, eram dominados pelos homens.
O fato é que a atuação feminina no meio agro já é uma realidade. Ganhar o respeito da ala masculina do agronegócio não é uma tarefa fácil, mas não é impossível. O espaço para
profissionalização da mulher no mundo do agronegócio existe e já é possível encontrar cursos, inclusive, focados na profissionalização da atuação feminina. Cabe às mulheres, portanto, correr atrás de aprimorar os conhecimentos no setor e consolidara participação no mercado de trabalho no agronegócio.
Por Jussara Costa da Rosa – Diretora do I-UMA
Fonte: Artigo da Revista A Granja
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