Em março, mulheres e homens que atuam no setor sucroenergético participaram da quinta edição de um projeto que tem o objetivo de estimular a presença feminina no segmento. O V Encontro Cana, Substantivo Feminino foi realizado em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. A idealizadora da iniciativa foi a jornalista Luciana Paiva, editora do portal CanaOnline, que concedeu a seguinte entrevista à Rede AgroServices.
Rede AgroServices – De onde surgiu a ideia de criar o Encontro Cana, Substantivo Feminino?
Luciana Paiva – Trabalho na área de comunicação do agronegócio há 22 anos, portanto, sempre frequentei muitos eventos do setor. Um traço comum a todos é que a presença masculina é muito maior que a feminina. Conversando com outras profissionais do segmento, senti a necessidade de ter um evento que destacasse as mulheres que produzem no campo. Foi então que decidi criar um espaço de diálogo voltado a elas. Em 2011, tivemos o primeiro encontro. O nome surgiu pelo fato de a palavra “cana” ser, de fato, um substantivo feminino. Além disso, a cana carrega consigo o símbolo de mãe geradora de outros produtos (açúcar, etanol etc.), mesmo papel desempenhado pelas mulheres que são caracterizadas pela polivalência.
Rede AgroServices – Como tem sido a evolução da participação feminina na agroindústria canavieira?
Luciana Paiva – Temos notado um crescimento substancial. Por estarem interessadas em assumir posições estratégicas nas indústrias de diversas culturas, as mulheres têm buscado, cada vez mais, uma qualificação de excelência. Um fator que também contribui para uma maior presença feminina é a evolução tecnológica. Antes, o agronegócio estava associado à força bruta. Hoje, as diferentes inovações e a automação do campo permitem que qualquer mulher opere colheitadeiras de cana, tratores etc. Também presenciamos um crescimento na gestão de propriedades agrícolas. Muitas mulheres têm assumido a fazenda de sua família, o que fica explícito no encontro, por conta da grande presença de produtoras rurais.
Rede AgroServices – Além do encontro, ocorreu alguma outra reunião das participantes?
Luciana Paiva - Em 2015, levamos mais de 50 mulheres para a Fenasucro (Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética), em Sertãozinho (SP). Muitas das feiras do agronegócio são compostas predominantemente por homens, o que acaba inibindo a participação feminina. Ao fazer a visita em grupo, as produtoras e gestoras se sentem mais confiantes. O resultado foi ótimo. Muitas conseguiram levar as novidades apresentadas na feira para suas fazendas.
Rede AgroServices – Quais são os benefícios da presença feminina no agronegócio?
Luciana Paiva – Ao longo desses anos de encontro, tenho sentido que as mulheres são mais abertas à diversificação de culturas para ampliação da fonte de renda. Além do cultivo de cana, muitas têm adotado, mesmo que em menor proporção, a produção de soja, amendoim e café. A participação feminina também traz um lado mais humanitário, com um olhar bastante focado na preservação ambiental e social do entorno de suas propriedades. Essas preocupações se traduzem em ações de redução de consumo de água, tratamento de efluentes, aplicação racional de defensivos agrícolas etc. É dessa visão sustentável que o agronegócio precisa, e as mulheres podem dar grandes contribuições nesse sentido.
Serviço: Mais informações sobre o evento e como participar podem ser obtidas aqui: http://www.canaonline.com.br/mulher/
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