43 produtores de Jaú aderem a novo projeto
07-12-2018

Principal finalidade, nesse primeiro momento, é formar novas mudas de cana com vigor genético e livre de pragas e doenças

A Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú (Associcana) encerrou nesta semana projeto de produção integrada de mudas pré-brotadas (MPBs) de cana-de-açúcar. A mudança de comportamento necessária para o investimento - feito por 43 produtores associados - irá possibilitar uma nova modalidade de negócio.

Essa é a previsão do presidente da Associcana, engenheiro agrônomo e produtor rural, Eduardo Vasconcellos Romão. O projeto teve início em outubro de 2017 com treinamento e capacitação dos técnicos e produtores pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), do governo estadual.

As mudas pré-brotadas de quatro variedades de cana-de-açúcar foram entregues aos 43 produtores em abril e plantadas no decorrer deste ano, mais expressivamente em agosto, setembro e outubro. Germinadas em laboratório de Ribeirão Preto, as mudas vieram com 60 dias de dianteira e precisam de cuidados diferenciados em relação à cana comercial – por isso ocorreu a capacitação.

“Essas mudas têm vigor genético, são livres de pragas e doenças e possibilitam o planejamento do canavial. Essas três virtudes conseguem fazer que o produtor tenha mais açúcar por hectare e, na hora do processamento, mais açúcar por tonelada na indústria”, diz Romão, explicando que o ganho pode chegar a 15% na usina e 20% por hectare de produção.
A principal finalidade desse esforço, inicialmente, é formar novas mudas para plantio, já que entre seis e sete meses elas estarão prontas para ser replantadas. Como a colheita é para daqui cerca de três anos, o objetivo agora é multiplicar essas mudas. “Nós estamos plantando cana-muda, é um produto específico. O canavicultor pode se tornar um produtor de muda, tendo um produto novo na sua propriedade, ou plantar essa muda novamente. É um novo negócio que surge”, diz Romão.

Apesar de mais baratas, as mudas comerciais de cana-de-açúcar não têm vigor genético, estão em sua exaustão, têm pragas e não possibilitam o planejamento do canavial. “Enquanto se gasta 30 toneladas de cana por hectare para fazer plantio de cana comercial, se gasta apenas 4 toneladas de muda pré-brotada e, se caprichar, até menos. É outro projeto, outro conceito”, diz o presidente da Associcana.

Internacional
A intenção da Associcana e do IAC é que, com o aumento e melhora da produtividade, o Brasil se torne mais agressivo no mercado internacional. Atualmente países asiáticos como Índia, Tailândia e Paquistão, subsidiados pelos governos locais, são responsabilizados pelos preços baixos e pelo excesso de oferta do açúcar.

“A cana-de-açúcar é o principal negócio agrícola do Estado de São Paulo e, como exportamos 60% do nosso açúcar, essa competição com os países asiáticos se traduz em dificuldade para os produtores brasileiros e paulistas. O que podemos fazer dentro dessa conjuntura é ganhar em tecnologia”, afirma Romão.

A adoção do primeiro sistema de mudas pré-brotadas no Estado de São Paulo ocorreu em Jaboticabal. Segundo Romão, há cerca de quatro anos apenas oito produtores aderiram ao projeto. “Começar com 43 produtores em Jaú, mesmo com 1,2 mil associados, é excelente, porque eles são os ‘formadores de opinião’, que irão disseminar as vantagens das mudas pré-brotadas. Hoje, 100% dos produtores de Jaboticabal repensaram o modo de cultivo da cana-de-açúcar. Temos que estar na vantagem em certas atitudes porque, se não fazemos, outros fazem e a região perde importância.”

Fonte: Comércio do Jahu