7 perguntas que as respostas impactam nas decisões
26-02-2018

A primeira delas é dupla:O setor sucroenergético se recupera? Quando?

*Marcos A. Françóia, diretor da MBF Agribusiness

A ansiedade dos executivos das empresas em toda a cadeia produtiva do agronegócio sucroenergético está alta e preocupante. A ansiedade não controlada gera estresse, doenças e decisões que levam ao fim empresas e, principalmente, a vida dos gestores.

A título de informação, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), na América Latina, o Brasil é o país que tem o maior número de pessoas com algum transtorno de ansiedade, um indicador três vezes maior que a média mundial.

Isso é grave e preocupante. Pessoas focadas nos problemas não enxergam as oportunidades e não encontram soluções.
Atuando na reestruturação econômica e financeira das empresas, que passa por uma boa dose de organização interna, frequentemente sou abordado com as mesmas perguntas, que são:

1. O setor sucroenergético se recupera? Quando?
Muitas vezes arrisquei dizer que poderia demorar um ou dois anos, pois as tendências econômicas e as políticas governamentais indicavam, ou geravam esperanças de retomada e de crescimento. Atualmente me restrinjo a dizer apenas o que vislumbro no curtíssimo prazo e não são coisas positivas.
A recuperação do setor será lenta para uma boa parte das empresas, difícil para outras e impossível para algumas.

Começando pelo topo da cadeia produtiva, que são as usinas e destilarias, que convivem com um endividamento na ordem de R$ 100 bilhões de reais e faturamento total margeando esse montante, as empresas endividadas não estão gerando margem para pagar as despesas financeiras e com isso, o endividamento cresce dia a dia. Mesmo que venham preços melhores, os poucos investimentos no canavial impactam na falta de produto. Sem produto não tem resultado.

Fato é que teremos mais unidades produtivas recorrendo aos requisitos da lei de Recuperação Judicial e outras ainda com expectativas de maior flexibilização das instituições financeiras, que devem agir com maior rigidez nos acompanhamentos de resultados das empresas, exigindo mais profissionalismo em seus controles e coibindo o uso de recursos que não sejam para a atividade operacional. Precisam intensificar o monitoramento dos resultados econômicos e operacionais. Somente auditar balanço ou balancete não resolve. É preciso um monitoramento feito por profissionais que conheçam a operação agroindustrial, ou seja, do CAMPO AO BANCO.

Algumas unidades que renegociaram suas dívidas voltarão a “passar o chapéu” nas portas dos bancos, pois em grande parte não estão conseguindo obter as margens necessárias para os investimentos e ainda pagar as contas renegociadas de forma impulsiva e muitas vezes mal planejadas.
Já as empresas endividadas e com boa performance operacional são atrativas para investidores que não estão deixando de olhar o mercado, porém de forma bastante seletiva.

Então, para essa primeira pergunta a resposta é que 2018 não será fácil para grande parte das empresas e não se vislumbra perspectivas de melhora no curto prazo, visto a dificuldade dessa conjugação “preço dos produtos x dívida x produtividade”. Esse impacto negativo no topo será sentido nos demais elos da cadeia produtiva.

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