Analista prevê dificuldade para cana em 2015
27-03-2015

Projeção não é unânime, já que se o dólar persistir alto, exportações brasileiras podem se beneficiar.

O ano de 2015 será difícil para o mercado de açúcar e álcool.

Com preços internacionais baixos e subsídios do açúcar da Índia e da Tailândia, as exportações brasileiras tendem a diminuir.

A projeção é do analista de mercado da G7 Agro João Oswaldo Baggio.

Segundo ele, a oferta firme, que foi um dos principais fatores pela queda nos preços, seguirá impactando o mercado, porém, o consumo de etanol tende a aumentar um pouco devido à maior quantidade de álcool na gasolina.

Os produtores estão desovando os estoques para a entrada da nova safra, por isso o conteúdo disponível continua elevado.

A safra atual não será muito diferente da anterior em relação à produtividade o clima está favorável, mas não há renovação de canaviais, pontua ao Canal Rural.

Já o diretor técnico do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), Paulo Gallo, acredita que o dólar valorizado possa beneficiar as exportações brasileiras e gerar uma possível capitalização no segmento.

Do ponto de vista do aumento, você favorece as exportações, ou seja, com o mesmo montante de dólar o produtor ganha mais.

Mas ainda é muito cedo pra poder avaliar isso no longo prazo.

Temos que ver como vai caminhar o dólar, aponta Gallo.

Em reunião da Câmara Setorial de Oleaginosas e Biodiesel esta terça, dia 24, em Brasília, o setor produtivo se mostrou preparado para aumentar a mistura de biodiesel no diesel a valores que ultrapassem 10% e o governo já estaria cogitando a possibilidade para casos específicos.

O aumento da mistura de biodiesel no diesel chegou a 7% em novembro do ano passado e aumentou em 40% a demanda do produto no mercado interno.

O setor sucroenergético passa por uma forte crise financeira nos últimos anos, com dívidas de R$ 82 bilhões, segundo consultorias especializadas.

Como 70% desse valor está atrelado ao dólar, o montante deve crescer com a recente valorização da moeda frente ao real.

Desde 2008, 67 usinas brasileiras estão em recuperação judicial.

O maior número está na região Sudeste, com 38 usinas.

Em seguida vem o Nordeste com 14, o Centro-Oeste com 13 e a região Sul, com duas.

De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), cerca de 80 usinas fecharam as portas de 2008 a 2014 e nove podem fechar ainda este ano.