Aquisição de muda pré-brotada exige atenção, pois podem estar infectadas
30-03-2020
Antes de adquirir uma muda pré-brotada, o interessado deve ter a certeza de que está adquirindo uma muda de qualidade, e de empresas idôneas
Quando um produtor ou unidades sucroenergéticas optam por adquirir uma muda pré-brotada (MPB) de cana-de-açúcar, busca, acima de tudo, uma muda com alta sanidade, livre de doenças sistêmicas e com garantia de autenticidade varietal. Mas, nem todas as MPBs disponibilizadas no mercado possuem essas características. A legislação brasileira permite a qualquer produtor ou empresa multiplicar e comercializar material de propagação de cana-de-açúcar e, cabe ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) fiscalizar todas as operações. O que nem sempre acontece.
Produzir MPB é algo complexo. Não é apenas multiplicar gemas. Ao adquirir uma muda de origem duvidosa, pode estar levando uma série de problemas para dentro de sua propriedade, como uma muda infectada. Produtores que preferem não se identificar já dizem ter encontrado viveiristas vendendo mudas “sadias”, porém, infectadas por raquitismo.
Muitas das vezes, essas mudas sem procedência também não conseguirão atingir taxas de pegamento e desenvolvimento satisfatórios. Por consequência, haverá baixa produção de gemas por hectare e taxas de multiplicação aquém do desejado. Além disso, já na fase de lavoura comercial, os targets de produtividade, estabilidade e longevidade não são atingidos, criando um sentimento de frustação com relação à tecnologia.
Outro risco é relacionado ao portfólio de variedades que podem ser exploradas. Hoje, algumas empresas comercializam materiais que ainda não receberam o Registro Nacional de Cultivar (RNC) e, juntamente com a questão do conceito de muda, distorcem e criam insegurança no mercado nacional.
Para o pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mauro Alexandre Xavier, as mudas pré-brotadas de cana-de-açúcar dependem de uma combinação e sincronismo de “engrenagens fitotécnicas”.
Mauro Xavier: “MPBs produzidas através da aplicação de protocolos e critérios técnicos podem minimizar efeitos de mistura varietal e multiplicação de pragas”
Ele afirma que o sistema MPB nesse contexto assume a posição de um agregador de ganhos tecnológicos, ao passo que permite iniciar operações básicas, como formação de áreas de multiplicação e plantio com qualidade. Esses pontos influenciam o arranjo espacial mais adequado para altas produtividades. “Nesse sentido, a combinação e o sincronismo do conjunto de ‘engrenagens’ - cultivares, sistema de multiplicação, manejos, insumos, processos e principalmente treinamento - é que podem gerar ganhos expressivos ao final do processo de produção.”
Portanto, antes de adquirir uma muda pré-brotada, o interessado deve ter a certeza de que está adquirindo uma muda de qualidade, e de empresas idôneas. “As MPBs produzidas através da aplicação de protocolos e critérios técnicos podem minimizar efeitos de mistura varietal e multiplicação de pragas. A qualidade comprovada do material permite ao produtor se beneficiar do potencial biológico e dos ganhos genéticos das cultivares desenvolvidas pelos programas de melhoramento”, destaca Xavier.
Centro de Cana do IAC conta com um núcleo de produção de MPBs, localizado em Ribeirão Preto/SP
Pioneiros no desenvolvimento deessa tecnologia, o Centro de Cana do IAC conta com um núcleo de produção de MPBs, localizado em Ribeirão Preto/SP. O processo de produção tem origem em jardins clonais devidamente registrados no MAPA e monitorados e manejados durante a sua validade como área de material de propagação. A fase de produção resumidamente inclui três etapas básicas: (1) corte e tratamento químico dos mini-rebolos; (2) brotação em ambiente controlado (casa-de-vegetação climatizada) e (3) fases 1 e 2 de aclimatação.
Fonte: CanaOnline