Assinada há seis meses, a COP-21 trouxe novas perspectivas para as energias renováveis, em especial aos biocombustíveis
31-05-2016

No final de 2015, a Conferência do Clima (COP 21), em Paris, deixou sinais importantes para o mundo no combate ao aquecimento global. O protocolo assinado ao final do evento, na capital francesa, substituiu o Protocolo de Kyoto como principal documento em vigor em âmbito mundial para o combate ao aquecimento global. O novo acordo foi muito comemorado por governos, políticos, diplomatas e organizações não-governamentais envolvidos nas negociações realizadas em Paris.

A COP-21 também deixou a expectativa de que haverá grandes oportunidades para companhias do setor de energias renováveis, além de apontar a necessidade do fim dos subsídios aos combustíveis fósseis.
“Para alguns, o acordo representa até mesmo o fim da era dos combustíveis fósseis. Mas esta comemoração é ainda exagerada, uma vez que diversos estados nacionais ainda têm no petróleo a sua principal fonte de divisas, o que mantém altos os subsídios e investimentos no setor, demonstrando que o fim do fomento ao uso do petróleo está, na realidade, ainda longe de terminar”, diz o suíço Alexis Leroy, CEO do Allcot Group.

O BRASIL NA COP-21
Ao final da COP-21, o Brasil assumiu um compromisso que pode ter importantes consequências no seu segmento de energias renováveis. No compromisso, o país prevê até 2030 a participação de 18% de biocombustíveis na matriz energética, e um aumento de 10% para 23% no uso de energias renováveis (solar, eólica e biomassa) na matriz elétrica. A então presidente do país, Dilma Rousseff, em seu discurso, citou a participação de 16% de etanol carburante e demais fontes derivadas da cana-de-açúcar no total da matriz energética. “À luz deste fatos pode-se afirmar que a conferência de Paris representa um marco importante para o setor sucroenergético”, pontua Rangel Romão, diretor da Consultoria Atlântica Simbios.
Mas como os compromissos assumidos pelo Brasil em Paris podem sair da retórica e do papel e virar realidade?
Para o guatemalteco Sebastián del Valle, do Allcot Group, isto somente é possível por meio de políticas de incentivo como, por exemplo, o Plano ABC para a agricultura e pecuária, com linhas para custeio e financiamento com taxas reduzidas, viabilizando a restauração de florestas, a aquisição de máquinas para o plantio direto e o desenvolvimento da agricultura e pecuária de baixo carbono. “Porém, as taxas do programa ABC não são as mais atraentes do mercado financeiro.”
Nas empresas e organizações, a regulação das emissões por meio de políticas federais, estaduais e municipais de mudanças climáticas, orientadas para o controle e redução das emissões tanto no mundo corporativo como na sociedade como um todo, gerará a demanda necessária para o surgimento de ferramentas e soluções, na opinião da espanhola Rosa Brosé Rodrigues, do Allcot Group. Apenas assim, para ela, será possível girar a roda do mercado. “A regulação das emissões de gases de efeito estufa corporativas fará surgir a necessidade de tecnologias e mecanismos para a redução das emissões das atividades das empresas, por meio de opções como o mercado de carbono, o uso de combustíveis renováveis, novas tecnologias, aumento de eficiência no uso de recursos etc.’
Já faz mais de seis meses que a COP-21 chegou ao fim e, ao que parece, o Brasil pouco caminhou no cumprimento dos compromissos assumidos. Com o país vivendo uma intensa crise política e econômica, marcada inclusive pelo afastamento da presidenta Dilma Rousseff, as metas brasileiras na luta contra o aquecimento global não ganharam a importância que mereceriam.

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