Audi testa o A5 Sportback g-tron com biometano brasileiro
07-12-2018

Produzido pela Acesa Bioenergia, biometano é obtido a partir do biogás que a GEO Energética gera com a reciclagem de todos os resíduos da cana-de-açúcar

A Audi realiza nesta segunda-feira (26) mais uma importante etapa dos testes do A5 Sportback g-tron no Brasil. Essa nova etapa será realizada na planta da GEO Energética em Tamboara-PR, onde o novo membro da família Audi g-tron será abastecido com biometano produzido pela Acesa Bioenergia, obtido a partir do biogás produzido pela GEO por meio da reciclagem dos resíduos da cana de açúcar da Coopcana (Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana Ltda).

Além de validar o mercado brasileiro para o A5 Sportback g-tron, terceiro modelo da Audi que possibilita a escolha do cliente pelo abastecimento com gás natural (GNV) ou gasolina, o teste com o biometano da Acesa-GEO será um marco para a indústria sucroenergética brasileira. “O uso do biometano como substituto do diesel combustível é o passo que falta para completar a economia circular no setor sucroenergético do nosso país”, destaca Alessandro Gardemann, diretor da GEO Energética e presidente do Conselho Administrativo da Associação Brasileira do Biogás e do Biometano (Abiogás).

Empresa 100% brasileira, a GEO Energética iniciou as pesquisas de campo para o desenvolvimento da tecnologia de produção de energia e biogás a partir dos resíduos da cana-de-açúcar em 2006. Em parceria com a Coopcana para o fornecimento dos resíduos, em 2011 implementou sua primeira planta comercial numa área de dez hectares no noroeste do Paraná, com capacidade instalada para gerar 4 Mws de energia elétrica a partir da reciclagem da vinhaça, torta de filtro e palha.

A solução biotecnológica da GEO foi desenvolvida no Centro de Pesquisas GEO Energética (CPG), em Londrina (PR), e foi patenteada em 2009. Trata-se de uma solução única, 100% sustentável. O processo utiliza todos os resíduos agroindustriais para a produção de biogás de alta qualidade e alto teor de pureza. Esse biogás é armazenado e pode ser usado em geradores, para produzir energia elétrica 100% limpa, comercializada no mercado livre, ou ser transformado em biometano para uso como biocombustível em tratores, colheitadeiras, caminhões e ônibus. Os resíduos da produção desse biogás também não geram qualquer impacto ambiental, pois voltam à natureza na forma de dois subprodutos agrícolas: adubo orgânico sólido e fertilizante líquido.

A planta foi construída dentro do conceito de sustentabilidade (Planta Verde) e foi certificada pelo GBC (Green Building Council). A unidade abriga a área de armazenamento dos resíduos, biorreatores, reservatórios de biogás e geradores de energia e já está sendo ampliada para gerar 10 MW de energia e produzir biometano.

A transformação do biogás em biometano está sendo feita em parceria com a Acesa Bioenergia, que instalou uma planta na unidade da GEO com capacidade para processar 140 Nm3 (normais metros cúbicos) de biogás por hora. Isso representa uma produção diária de 1.800 Nm3 de biometano, volume suficiente para abastecer, pelo menos, 90 veículos por dia. A Acesa Bioenergia atua no mercado desde 2008 e provê soluções completas para produção, compressão, transporte e comercialização de biometano, seja para uso industrial, comercial ou veicular, como Bio-GNV.

A purificação do biogás “bruto” para a produção do biometano é feita pelo método de Adsorção por Variação de Pressão (PSA, na sigla em inglês). É uma tecnologia alemã, líder mundial no setor. O biometano produzido por meio da purificação do biogás é um combustível 100% renovável, equivalente ao Gás Natural, com parâmetros de qualidade estabelecidos pela Resolução 685/2017 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo Gabriel Kropsch, diretor da Acesa Bioenergia e vice-presidente do Conselho Administrativo da Abiogás, “quando comparado com combustíveis fósseis tradicionais, como a gasolina e o óleo diesel, o biometano originado de resíduos da indústria sucroalcooleira reduz em até 95% as emissões de gases de efeito estufa e em mais de 90% as emissões de outros poluentes que afetam diretamente a saúde humana, como NOx e material particulado”.

O preço do biometano é próximo ao do gás natural veicular (GNV) tradicional; ou seja, em média 50% mais barato que a gasolina. Em relação ao óleo diesel, o benefício para grandes frotistas chega a R$ 1,00 por litro. Além dos benefícios ambientais e econômicos, o biometano tem outras vantagens como segurança nas instalações e confiabilidade no fornecimento.

“Além dos aspectos econômicos, o biometano obtido a partir do biogás produzido com os resíduos da cana de açúcar terá um impacto logístico muito relevante para o Brasil, pois vai interiorizar o biometano e reduzir os custos de transportes do diesel para a operação das próprias usinas de cana”, completa Evaldo Fabian, também diretor da GEO Energética.

O Brasil tem grande potencial para o aproveitamento de biogás e biometano pela indústria automotiva. Além de veículos de passeio, como o A5 Sportback g-tron, eles podem ser usados em equipamentos agrícola, como tratores, caminhões e colheitadeiras.

Segundo a Abiogás, o Brasil é considerado o país com maior potencial de produção de biogás do mundo: 82 bilhões de metros cúbicos por ano. O país possui matéria-prima para suprir, por meio do biogás e do biometano (biogás purificado), 70% do consumo nacional de diesel ou 36% do consumo de energia elétrica. O setor sucroenergético é a grande promessa para o biogás, com potencial para gerar 41 bilhões de m³/ano. Em seguida, vem a agroindústria com 38 bilhões metros cúbicos e saneamento com 4 bilhões de metros cúbicos.

Ainda de acordo com a Abiogás, a meta do setor é oferecer 10,7 milhões de Nm3/dia de biometano no mercado brasileiro até 2025, chegando a 32 milhões de Nm3/dia até 2030. Isso é combustível suficiente para abastecer 1,6 milhão de veículos leves ou substituir quase 20% do consumo de óleo diesel, muito mais poluente, caro e em grande parte importado.

Através do Renovabio, aprovado em 2017 e em fase final de regulamentação, as plantas que utilizarem essa tecnologia serão premiadas com notas de eficiência melhores e terão ganhos econômicos e sociais, com impacto para os consumidores finais.

O carro teste

O A5 Sportback g-tron que vai testar o biometano da Acesa-GEO é alimentado por um motor 2.0 TFSI, que desenvolve 170 cv de potência e 270 Nm de torque. O motor 2.0 TFSI é movido a e-gás (próprio da Audi), gás natural (GNV), biometano e gasolina. Os tanques de combustível estão localizados abaixo da estrutura traseira e armazenam 19 kg de gás, com autonomia para rodar até 500 km, a uma pressão de 200 bar, além de terem um design extra leve. A camada interna consiste em uma matriz de poliamida impermeável a gás, enquanto uma segunda camada, composta de polímero reforçado com fibra de carbono (CFRP) e polímero reforçado com fibra de vidro (GFRP), dá ao tanque uma resistência extremamente alta. A terceira camada de fibra de vidro ajuda a visualizar quaisquer efeitos externos. A resina epóxi é usada para ligar os materiais reforçados com fibras.

Com câmbio S tronic, o mais novo membro da família Audi g-tron faz até 26 km/kg de gás, com emissões de CO2 de 102 g/km (ciclo NEDC Europeu combinado). No funcionamento com gasolina, por exemplo, o motor faz até 17 km/l do combustível, correspondendo às emissões de CO2 de 126 g/km (ciclo NEDC Europeu combinado). Em conjunto com a transmissão automática de sete velocidades, o A5 Sportback g-tron acelera de 0 a 100 km/h em apenas 8,4 segundos. Sua velocidade máxima é de 224 km/h (limitado eletronicamente).

Fonte: Assessoria