Aumento da mistura de etanol na gasolina sustenta preços e reduz oferta de hidratado
12-08-2025

Demanda adicional de anidro deve crescer 1 bilhão de litros nesta safra; paridade do hidratado frente à gasolina tende a ficar mais alta até 2026
Por Andréia Vital
O mercado de etanol encerrou julho com alta de 1,7% nos preços, alcançando R$ 2,76/L sem impostos em Paulínia - SP. Mesmo com a plena moagem de cana no mês, que normalmente pressiona os preços para baixo, o valor do biocombustível se manteve firme. A principal razão foi o início, em 1º de agosto, da elevação do teor de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%.
Segundo o Itaú BBA, a mudança deve incrementar a demanda de anidro em 1,4 bilhão de litros por ano, sendo cerca de 1 bilhão de litros adicionais já na safra 2025/26 (abril a março). Ao mesmo tempo, houve revisão para baixo na estimativa de oferta de etanol de cana, que caiu de 23,5 para 22,6 bilhões de litros, uma retração de 16% frente à safra anterior. A produção de etanol de milho, por outro lado, deve crescer 17%, atingindo 9,6 bilhões de litros.
Mesmo com o avanço do milho, a oferta total de etanol no Brasil deve cair 8%, somando 32,0 bilhões de litros. A redução, combinada ao maior uso de anidro na mistura da gasolina, levará a uma forte queda na disponibilidade de hidratado, estimada em quase 17% para o mercado de combustíveis ao longo do ano-safra.
Com isso, a paridade do etanol hidratado frente à gasolina nos postos de São Paulo deverá se manter acima do registrado em 2024/25, passando de 68% para 72% na safra atual. Isso significa que o preço médio do hidratado, em Paulínia, pode ultrapassar R$ 3,00/L no final de 2025 e no primeiro trimestre de 2026.