Austrália fala em aumento da produção mundial e reduz severamente estimativa de preços do açúcar
27-06-2017

Após descartar a ideia de uma redução nos estoques mundiais de açúcar, o Australian Bureau of Agricultural and Resource Economics and Sciences (Abares), órgão oficial do governo australiano, revisou para baixo suas previsões para a cotação do produto na próxima safra, muito embora o ciclone tropical Debbie deva prejudicar a produção no país.

Na estimativa do órgão, os futuros de açúcar devem ser negociados a uma média de US$ 0,15/libra em Nova York na temporada 2017/18 (base outubro-setembro).

O valor se mostra bastante abaixo dos US$ 0,22/libra previstos pelo próprio órgão há meros três meses, ainda que sugerindo uma recuperação em relação aos preços atuais, com a curva dos futuros sugerindo uma cotação média de US$ 14,4/libra na próxima safra.

“Essa revisão para baixo (…) reflete a expectativa de um incremento maior na oferta em 2017/18, o que resultará numa elevação dos estoques mundiais de açúcar pela primeira vez em três anos”, declarou o Abrates.

Métodos de produção aprimorados

Com efeito, o órgão descarta a ideia de um enxugamento de 1,1 milhão de toneladas nos estoques mundiais na próxima temporada. Em vez disso, a expectativa é que eles aumentem em 3 milhões de toneladas, somando um total de 71,1 milhões de toneladas.

Essa previsão reflete uma revisão para cima da ordem de 5,9 milhões de toneladas na produção mundial, para um total de 189 milhões de toneladas, “reflexo de uma expansão maior do que a esperada na área plantada em resposta às cotações favoráveis na temporada 2016/17”.

“Espera-se um incremento na produção de açúcar de cana na China, Índia e Tailândia, e de açúcar de beterraba na União Europeia, na safra 2017/18”.

O volume de produção na China, maior importador de açúcar do mundo, irá crescer 1,6 milhão de toneladas para um total de 12,5 milhões de toneladas, “puxado pela adoção de melhores métodos de produção e de novas variedades de cana”, enquanto na Índia, maior consumidor do planeta, a produção deve crescer cerca de 2,4 milhões de toneladas, voltando à casa dos 26 milhões de toneladas.

A produção na União Europeia também deve crescer em mais de 2 milhões de toneladas, alcançando 19,2 milhões de toneladas, graças ao abandono, em outubro, do sistema de cotas adotado pelo bloco, com os países-membros “tendendo a ampliar o plantio de beterraba como consequência”.

Canaviais danificados na Austrália

Os aumentos de produção compensam com sobras a revisão para cima, em 1,8 milhão de toneladas, na estimativa mundial de consumo para 2017/18, totalizando 186 milhões de toneladas. Esta revisão reflete o aumento de demanda verificado em resposta aos preços reduzidos.

Na Austrália, os danos provocados pelo ciclone tropical Debbie nos canaviais da costa leste reduziram em 340 mil toneladas a estimativa de produção para a safra 2017/18, agora em 4,82 milhões de toneladas, o que não chega a modificar o panorama mundial.

“O ciclone danificou plantios nas regiões de Burdekin, Mackay e Proserpine”, que juntas foram responsáveis por 24% da safra australiana de açúcar em 2016/17.
As exportações australianas em 2017/18 tiveram sua previsão reduzida em 230 mil toneladas em reflexo aos menores volumes de produção, devendo totalizar 4,82 milhões de toneladas, meras 12 mil toneladas a mais que na safra anterior.