Avanço da incidência e severidade da estria vermelha preocupa setor
22-07-2025

Tema foi debatido durante 4ª Reunião do Grupo Fitotécnico de Cana-de-Açúcar em 2025
Causada pela bactéria Acidovorax avenae, a estria vermelha deixou de ser uma doença secundária para a cultura da cana-de-açúcar, alcançando recentemente o status de emergente, em função de um aumento de incidência e severidade nas últimas safras.
Por conta desse novo cenário, o Grupo Fitotécnico de Cana-de-Açúcar realizou uma palestra especial sobre o tema durante sua quarta reunião de 2025. A apresentação ficou a cargo da fitopatologista e sócia-fundadora da Croppen, Drª. Fernanda Dias Pereira.
Segundo ela, a estria vermelha é uma doença já bastante conhecida pelo setor, com casos confirmados que datam a década de 1930. No entanto, alguns fatores estariam contribuindo para um aumento no número de casos nos últimos anos, especialmente nos Estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul.
“Com base no censo varietal da safra 2023/24, é possível observar que 27% das variedades mais plantadas são suscetíveis à estria vermelha, fato que tem contribuído grandemente para o alastramento da doença. O uso de materiais propagativos contaminados, mudanças climáticas e a falta de resistência em novas variedades também estão agindo como catalisadores desse avanço.”
No campo, a pesquisadora afirma que é possível identificar a doença de duas formas. Nas folhas, surgem estrias encharcadas que gradualmente tomam a coloração avermelhada, se concentrando geralmente no terço médio para a base, podendo inclusive atingir o meristema apical, fato que desencadeará o segundo sintoma: a podridão do topo.
Estria vermelha causa dois tipos de sintomas: estrias na folhas e podridão do topo. Manifestações, porém, são independentes
Foto: Divulgação Croppen
No entanto, ela ressalta que esses sintomas são independentes, ou seja, não precisam obrigatoriamente surgir em conjunto. “Lembrando que o sintoma na folha é o principal responsável pela disseminação, que ocorre majoritariamente pelo vento e chuva, com pico no verão, em função das características da bactéria, que gosta de temperaturas acima de 28° e alta umidade relativa do ar.”
Com relação aos prejuízos, a estria vermelha impacta tanto a produção como a qualidade da cana-de-açúcar, com danos que vão da redução da área fotossintética a diminuição do número de perfilhos. Em áreas altamente afetadas, podem ocorrer perdas de produtividade agrícola superiores a 15 ton/ha, além de uma redução de até 10% nos teores de açúcar por tonelada.
Para “frear” esses danos, Fernanda recomenda a utilização de variedades resistentes/tolerantes, além de um manejo cultural adequado, com o uso de material propagativo sadio e adubação com boro. Evitar o plantio em solos com excesso de nutrientes é outra recomendação.
“O controle químico é uma excelente ferramenta, mas que depende de uma série de estratégias para ser implementado com sucesso, como escolha correta da molécula, início do controle e intervalo entre as aplicações. Com relação aos biológicos, já é possível notar um bom potencial desses produtos, especialmente no controle da podridão do topo. No entanto, ainda precisamos de mais pesquisas para entender a fundo essa modalidade, especialmente em relação ao posicionamento e momento de entrada”, finaliza.