Balança comercial tem rombo de US$ 1,2 bi
04-11-2014

 A queda no preço dos principais produtos básicos exportados pelo Brasil, que se acentuou em outubro, derrubou o saldo comercial do país. As importações brasileiras superaram as vendas para o exterior em US$ 1,2 bilhão no mês passado.

Trata-se do pior resultado para esse mês desde 1998. No acumulado de janeiro a outubro, o saldo da balança comercial está negativo em US$ 1,9 bilhão. É o segundo pior resultado desde 1998, último ano em que o país conviveu com um sistema de câmbio fixo, que estimulava as importações.

O saldo comercial é o principal responsável pela piora das contas externas do Brasil, fator que aumenta a vulnerabilidade do país a choques externos e cambiais.

Governo e analistas ainda veem a possibilidade de uma virada no resultado da balança comercial brasileira nos últimos dois meses de 2014.

Em 2013, o resultado estava negativo em US$ 2 bilhões até outubro, mas fechou o ano positivo em US$ 2,4 bilhões.

Para isso se repetir, no entanto, serão necessários aumentos nos preços e nas quantidades exportadas de produtos como minério de ferro e carne, segundo o secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho.

O governo também espera contar com aumento da produção de combustíveis para frear as importações desses produtos.

"Precisamos aguardar novembro para confirmar essa expectativa. Dezembro é tradicionalmente superavitário."


Minério e Argentina

Ele afirmou que o resultado da balança neste ano foi influenciado por dois fatores que contrariaram as expectativas. O primeiro é a queda maior que a esperada de preços de alguns produtos.

O preço do minério de ferro, por exemplo, caiu 20% no ano. Somente em outubro, o recuo foi de 40% em relação ao mesmo mês do ano passado. Se o preço de 2013 fosse mantido, com a mesma quantidade, o Brasil teria faturado US$ 5,4 bilhões a mais.

O segundo fator é a queda na demanda argentina, principal comprador de manufaturados brasileiros. No total, as exportações para o país vizinho recuaram 27% até outubro na comparação com o mesmo período de 2013.

Entre os cinco manufaturados com maior recuo nas exportações estão três do segmento automotivo: automóveis (-41%), veículos de carga (-30%) e autopeças (-24%).

Também houve expressivo recuo nas vendas de plataformas de petróleo (-58%) e açúcar refinado (-25%).

Sobre a alta recente do dólar, Godinho afirmou que há uma defasagem entre a desvalorização da moeda e o reflexo disso nas exportações brasileiras de dois a três anos.

"Mais importante que a cotação é a estabilização do câmbio, para que o empresário possa se programar."

As vendas menores de minério de ferro em outubro fizeram com que os EUA superassem a China como principal comprador do Brasil no mês. No ano, o país asiático segue na liderança.

Eduardo Cucolo