Biocombustível para aviação é debatido durante VII Congresso de Biodiesel
08-11-2019

O VII Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia e Inovação de Biodiesel, de 4 a 7 de novembro, em Florianópolis (SC) teve, em seu último dia, um painel voltado especialmente para as alternativas em biocombustíveis sustentáveis para a aviação. O painel teve como palestrantes representantes do poder público, empresas, instituições de pesquisa e agências reguladoras e certificadoras.

A palestra inicial foi ministrada pela representante da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) Ana Paula Machado, que falou sobre as mudanças climáticas e seus impactos no transporte aéreo. Segundo ela, a preocupação com os impactos da aviação na mudança do clima vem desde 2010. Explicou que os impactos com o meio ambiente da aviação acontecem tanto com relação aos ruídos quanto na poluição do ar local e na mudança do clima. Porém, ainda segundo ela, a aviação está muito mais eficiente do que era na década de 1970, estando as aeronaves poluind menos o ar, bem como com relação ao ruído. Mas, com relação à mudança do clima, ainda há muito o que fazer, já que, atualmente, participa com 2% das poluições totais no planeta.

Ana Paula acredita que o Brasil já é grande player mundial em biocombustíveis e possui trabalhos de pesquisa para que eles sejam integrados à aviação civil. O que falta para que essa tecnologia decole no Brasil? Segundo ela é a viabilização econômica, que pode ser conseguida por meio de políticas públicas que deem segurança jurídica ao investidor. O Renovabio é uma forma de estabelecer a reforma de mercado, viabilizando a cadeia da aviação por meio da utilização dos biocombustíveis. "Isso, além da inovação, que é conseguida por meio de pessoas pensando o que pode ser feito e como pode ser feito, para que os diversos pontos diferentes da cadeia se unam para o nascimento dessa nova indústria. O Brasil tem tudo para estar na fronteira do desenvolvimento do biocombustível na aviação”, finaliza.

Já Pedro Scorza, representando a empresa Gol Linhas Aéreas, falou sobre as possibilidades dos arranjos de bioquerosene no Brasil e as vantagens dentro do Brasil. Para ele, diversas biomassas, rotas tecnológicas e logísticas podem ser agregadas para que, otimzadas, haja uma produção com o custo mais baixo possível, tendo em vista as dimensões continentais do País. Ele afirmou que a Gol aposta em projetos regionais, e demonstrou, a partir de uma iniciativa realizada em Juiz de Fora (MG), a macaúba sendo utilizada como vetor de desenvolvimento para recomposição de terras degradadas e recuperação de mata ciliar.

Além de o reflorestamento em si já ser fator de fixação de carbono, o fruto da macaúba será utilizado para extração de óleo para o bioquerosene. “Soluções como essas são a nossa crença no futuro mercado do bioquerosene no Brasil, mas estamos abertos a quaisquer tecnologias e biomassas inovadoras para a produção de biocombustível, pois a amplitude do nosso País pode fornecer essa tecnologia para as empresas de aviação”, conclui.

A RSB, uma organização internacional independente que atua com certificação para a sustentabilidade de diversos produtos, incluindo biocombustíveis e combustíveis alternativos de aviação, foi representada por Aura Nardelli. Na sua palestra, discutiu os aspectos de sustentabilidade que estão movendo o setor de aviação na busca de alternativas que reduzam as emissões de gás de efeito estufa. Ela mostrou que a sustentabilidade é parte dessa discussão e que está vinculada a decisões voltadas à inovação, desenvolvimento de rotas tecnológicas, decisão de mercado e também de outras regulações, além das que já existem hoje em relação aos biocombustíveis.

Embrapa Agroenergia