Bioeletricidade de cana-de-açúcar: energia limpa e renovável
04-06-2021

As alterações climáticas causadas pela poluição atmosférica vêm sendo debatidas exaustivamente nos últimos anos,  e no Dia Mundial da Energia, celebrado no dia 29 de maio, diversas entidades e organizações mobilizam-se para promover mais consciência no uso da energia elétrica e a importância de poupar recursos naturais.

Alinhada ao movimento global, a Copersucar investe em energia limpa e renovável: das suas 33 usinas sócias produtoras de açúcar e etanol, 16 utilizam palha de cana-de-açúcar para gerar bioeletricidade a partir do uso da biomassa, tornando-se importantes matrizes energéticas de baixo impacto.

“Cada tonelada de cana moída produz 250 kg de bagaço e 200 kg de palha, ambas com 50% de humidade, mas a palha tem um poder calorífero quase duas vezes maior”, explica o gerente de Bioeletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA), Zilmar Souza.

Segundo a UNICA, durante a safra canavieira, as 360 usinas do país tornam-se autossuficientes em eletricidade e 60% delas têm capacidade de exportar a produção excedente para a rede elétrica do país, o Sistema Integrado Nacional (SIN). Esse abastecimento é especialmente importante de abril a novembro, período de seca em que os reservatórios estão baixos no Centro-Sul.

Na safra canavieira 20/21, o Estado de São Paulo produziu 11.957 GWh para o SIN, a partir apenas das usinas termelétricas do setor sucroenergético, o que representa 54,4% da geração total. Dados da UNICA apontam que energia elétrica gerada a partir da cana-de-açúcar ilumina 12 milhões de lares brasileiros, o equivalente a 5% do consumo anual no país. Nos últimos dez anos, a bioeletricidade sucroenergética brasileira  seria suficiente para abastecer o mundo durante 3 dias e a União Europeia e as Américas Central e do Sul por 22 dias.

“Em 2020, nosso setor ofertou 22,6 KWh para a rede nacional, o que representa 82% da geração geral no período. Esse número poderia ter sido seis vezes maior, pois utilizamos apenas 15% do nosso potencial. Possuímos muita biomassa!”, afirma Zilmar. Estima-se que esse volume tenha evitado a emissão de 6,3 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o que equivale ao cultivo de 44 milhões de árvores nativas durante 20 anos.

Segundo o gerente da UNICA, um ambiente de negócios mais favorável e mais investimentos no setor são vitais, assim como uma nova regulamentação. “Nossa expectativa é que a reforma do setor elétrico se confirme e que, ao final do processo, reconheça o atributo da biomassa na matriz elétrica brasileira”, diz Zilmar.

Bioeletricidade e biocombustível

O etanol produzido com cana-de-açúcar é um combustível eficiente, acessível, limpo e renovável, que reduz até 90% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), 33% de material particulado, 17% de ozônio e zero benzeno. Conforme a UNICA, o biocombustível abastece quase metade da frota de automóveis e motocicletas do Brasil.

Com o RenovaBio, o programa federal de estímulo à produção e consumo de biocombustíveis, o etanol ganha relevância na matriz energética brasileira e é uma tecnologia que começa a ser utilizada em combinação com a eletrificação veicular, com potencial para ser usado em modelos híbridos junto com motor flex.

Na opinião de Zilmar, o etanol e a bioeletricidade são coirmãos. “Ambos são fontes de energia limpa, pois são obtidos a partir de matéria orgânica de origem vegetal, o que faz com o gás carbônico emitido por eles seja absorvido pelas plantas, e não lançado na atmosfera, como ocorre com uma fonte fóssil”, explica.

Fonte: Copersucar