Bioplástico mais resistente e flexível é desenvolvido em pesquisa da Unesp de Rio Claro
30-03-2022

Plástico biodegradável inédito, feito de folha de bananeira e bagaços da cana-de-açúcar e da goiaba, ainda pode ser reciclado e reaproveitado diversas áreas. Empresas já estão interessadas.

Por g1 São Carlos e Araraquara

O Instituto de Pesquisa em Bioenergia (Ipben) da Unesp, em Rio Claro (SP), está desenvolvendo um bioplástico mais resistente e flexível que pode ser usado em larga escala pela indústria.

A tecnologia inédita, que é feita com folha de bananeira e bagaços da cana-de-açúcar e da goiaba, também impede a passagem de líquidos por mais tempo.

“O bioplástico comum que a gente vê aí com base em amido ele é muito sensível às condições ambientais. Então ele tem uma baixa resistência. Para realmente tornar o bioplástico um produto produzido em larga escala e levar pra sociedade, levar para o mercado, nós precisamos melhorar a resistência, melhorar as propriedades”, disse o professor e pesquisador do Ipben Michel Brienzo.

Para tornar o plástico mais resistente e competitivo no mercado os pesquisadores fizeram uma pequena modificação na fórmula.

“O bioplástico tradicional pode ser aplicado, por exemplo, para canudos e para copinhos. E com esse aumento da resistência mecânica e aumento da barreira de vapor de água, a gente pode usar agora já para umas aplicações um mais ousadas como, por exemplo, embalagens de frutas”, explicou a pesquisadora Júlia Martins.

O processo funciona da seguinte forma:

  • primeiro é feita a extração da folha e do caule da bananeira, dos bagaços da cana de açúcar e da goiaba.
  • Em seguida é feita a parte da moagem.
  • O resultado é um pó que depois é misturado com o plástico biodegradável.

“Melhorou mais ainda a resistência desse material. O que realmente permite o escalonamento da produção e um produto apropriado para a aplicações em alimentos, na agricultura, por exemplo”, afirmou Brienzo.

Decomposição rápida

Uma das vantagens é que ele se decompõe muito mais rápido no meio ambiente

Foto: Nilson Porcel/EPTV

Uma outra vantagem é que ele se decompõe muito mais rápido no meio ambiente, levando de 3 até 30 dias. Já o plástico comum demora de 90 até 700 anos. Além disso, esse tipo de plástico biodegradável pode ser reciclado e reaproveitado diversas áreas.

“A partir da reciclagem desse resíduo, podemos produzir biomoléculas como açúcares, carboidratos em gerais, proteínas e enzimas que podem ser aplicados na indústria farmacêutica, alimentícia e na indústria de papel e celulose. Agregando um valor econômico para essa tecnologia”, afirmou o pesquisador Mateus Ade.

O Brasil é o quarto país do mundo mais produz resíduos plásticos. Entre 1950 e 2015 foram 6,3 bilhões de toneladas. A maior parte desses resíduos foi descartado em ambientes naturais. 12% foram queimados e apenas 9% reciclados.

Sem destinação correta, uma enorme quantidade vai parar nos oceanos. A necessidade de alternativas biodegradáveis e não poluentes já despertou o interesse de empresas que pretendem usar essa tecnologia inédita criada pelos pesquisadores de Rio Claro.

“A principal colaboração seria substituição dos plásticos tradicionais, que são a partir de origem fóssil e que a gente está tentando substituir de maneira geral no mundo”, disse Júlia.

Assista em: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2022/03/30/bioplastico-mais-resistente-e-flexivel-e-desenvolvido-em-pesquisa-da-unesp-de-rio-claro.ghtml