Biosev recebe aporte da LDC e alonga dívida
02-04-2018
A Biosev encerrou nesta quarta-feira a maior renegociação de dívida de sua história ao acertar o recebimento de US$ 1,05 bilhão de sua controladora, a Louis Dreyfus Company (LDC). Com o aporte, a companhia cumpre uma condição precedente para garantir a redução do custo e o alongamento do prazo de pagamento de dívidas de R$ 3,66 bilhões com 11 bancos (dos quais sete são estrangeiros), que venciam nos próximos anos.
A medida tem impacto imediato no balanço, com redução da alavancagem, e implica, num primeiro momento, aumento de participação da controladora na Biosev.
Com a renegociação com os bancos, a Biosev ganha três anos de carência para pagar o principal dessas dívidas. Os pagamentos serão realizados em duas vezes, a primeira metade na safra 2021/22 e a outra em 2022/23. O prolongamento dos prazos desafoga vencimentos que estavam concentrados principalmente na safra 2019/20, período para o qual estava previsto vencer dívidas de mais de R$ 2 bilhões. Dessa forma, o prazo médio do endividamento bancário da companhia sobe de 2 anos para 3,5 anos, segundo Rui Chammas, presidente da Biosev.
Além disso, o custo desse endividamento renegociado passa a ser 1,5% menor. "Isso vai permitir menos gastos com juros e mais geração de caixa", afirmou. Ainda segundo o executivo, não houve mudanças nas garantias nem nos covenants (compromissos de métricas assumidas com os credores).
Do valor que a Dreyfus aportará na Biosev, US$ 250 milhões irão reforçar o caixa da companhia. Os demais US$ 800 milhões referiam-se a compromissos que a Biosev tinha junto à sua controladora para entregar açúcar (na forma de pré-pagamento de exportação) e que, agora, deixam de existir e tornam-se participação acionária.
O aporte da LDC reverte a atual situação de patrimônio líquido da Biosev, que no fim do último trimestre era negativo em R$ 1,4 bilhão.
De imediato, o patrimônio líquido da Biosev crescerá R$ 3,5 bilhões, mas a companhia abrirá um período para que os acionistas minoritários, que hoje representam 28% do capital da empresa, possam exercer o direito de subscrição de ações. Se todos os minoritários aderirem à subscrição, o patrimônio líquido da Biosev crescerá em R$ 4,8 bilhões. Se nenhum aderir à subscrição, a LDC fica com 94% de fatia na sucroalcooleira.
Em reunião ontem, o conselho de administração da Biosev recomendou que o preço das ações a serem emitidas sejam de R$ 4,32. O valor foi calculado com base no método de fluxo de caixa descontado, que considera a perspectiva futura de lucro, disse Chammas.
O executivo ressaltou que a renegociação integra a política que a companhia vem adotando desde a safra passada de reduzir seus custos e diminuir sua alavancagem, garantindo a "resiliência" do negócio mesmo em tempos de baixos preços do açúcar, como o atual. Ele afirmou que a empresa não está considerando neste momento nenhuma venda de ativos.