BNDES estima que etanol celulósico será viável em 2021
26-03-2015

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentou ontem em evento da consultoria FO Licht em São Paulo um estudo inédito feito em conjunto com o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) sobre a viabilidade do etanol de segunda geração no Brasil, feito a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar.

Nos últimos dois anos, o banco de fomento aplicou cerca de R$ 1 bilhão em projetos de etanol celulósico no Brasil. Em linhas gerais, no curto prazo, o horizonte é de que o custo de produção desse biocombustível (celulósico) ainda seja superior ao custo do de primeira geração, embora alguns projetos já estejam conseguindo equiparar essas despesas no caso do etanol anidro, que é misturado à gasolina.

Em média, segundo o estudo, o custo seria de R$ 1,50 por litro para o etanol celulósico, ante R$ 1,20 por litro do etanol de primeira geração, feito a partir do caldo da cana-de-açúcar.

Mas a partir de 2021, segundo o chefe do departamento de biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, os custos do etanol celulósico tendem a ser reduzidos significativamente, para o patamar de R$ 0,80 por litro, podendo atingir níveis de R$ 0,50.

Essa redução será possível, conforme o banco, devido à introdução de variedades da chamada "cana energia", com maior produtividade de fibras e também em toneladas por hectare do que as variedades convencionais.

Os ganhos de escala também farão a diferença, assim como a diminuição de montante de investimentos na construção de novas plantas de etanol celulósico.

No estudo do BNDES e do CTBE também foi identificado que o etanol celulósico é viável no longo prazo, mesmo com um preço do barril do petróleo em US$ 40.

"Nesse estudo, o banco buscou ter uma visão conservadora, que pode até ter decepcionado alguns produtores, que acreditam que conseguem num prazo mais curto reduzir o custo do etanol celulósico a níveis mais baixos do que o de primeira geração", disse o gerente setorial do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Arthur Milanez.

No Brasil, há três projetos de etanol celulósico em escala comercial e um em escala de demonstração.

O da GranBio, da família Gradin, foi o primeiro a ser inaugurado e tem capacidade de produção de 80 milhões de litros de etanol celulósico a partir da palha da cana.

O segundo em operação é o da Raízen, joint venture entre Cosan e Shell.

A unidade foi implantada na usina paulista Costa Pinto, que produz etanol de primeira geração, com capacidade para fabricar 40 milhões de litros anuais.

"A espanhola Abengoa começou a construção de sua usina de etanol de segunda geração, que terá condições de produzir 65 milhões de litros por ano", explicou Cavalcanti.

Nos Estados Unidos duas plantas que usam biomassa do milho para fabricar o biocombustível entraram em operação e uma outra deve entrar neste ano.

Juntas, devem ter capacidade para produzir 305 milhões de litros anuais.