Brasil desperdiça potencial de energia eólica e biomassa
09-09-2014

O Brasil desperdiça um enorme potencial de geração elétrica a partir de fontes alternativas, que poderiam ser usadas para aliviar a dependência das hidrelétricas, principalmente em época de seca. É o caso da energia eólica e da biomassa usando bagaço de cana, por exemplo. Tanto os ventos mais fortes, quanto a safra da planta acontecem no período da estiagem.

"O potencial é enorme e o Brasil não aproveita", diz a especialista em bioenergias da B2L Investimentos, Danielle Limiro. Em energia eólica, o país tem 4,8 GW instalados, mas o potencial é de 300 GW. Já a biomassa poderia gerar o equivalente a uma usina de Itaipu, mas respondeu apenas por 5% do consumo brasileiro, de acordo com o Boletim de Operação das Usinas, da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O MW/h gerado por térmicas custa entre R$ 160 e R$ 200. Em usinas eólicas, o valor cai para R$ 120 ou R$ 130 por MW/h.

Essas energias seriam complementares à matriz hidráulica, e, mesmo que o regime de chuvas estivesse regular, seria necessário investir na diversificação da matriz, porque a demanda só cresce. "Independentemente do clima, o Brasil precisa incorporar outras fontes à matriz, para atender ao crescimento do consumo", diz o diretor de sustentabilidade da PWC, Carlos Rossin.

Ele explica que a demanda cresce pelo menos 4% ao ano e, para acompanhar, é preciso gerar energia a partir de várias fontes. "A diversificação é estratégica", diz ele, citando também as fontes solar, térmica e nuclear.

Em relação às nucleares, em 2008 o Ministério de Minas e Energia chegou a anunciar que o país construiria 50 usinas do tipo nos próximos 50 anos em diversas regiões. Mas, até hoje, nenhum desses projetos foi anunciado. Danielle Limiro acredita que o Brasil consiga suprir a demanda sem essa matriz, e lembra que a implantação de usinas nucleares traz junto o problema da destinação do lixo atômico.

Térmicas. As usinas térmicas respondem por 27,1% da capacidade de geração de energia instalada no país e estão produzindo a todo vapor para suprir a demanda, já que os reservatórios das hidrelétricas estão muito baixos.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o sistema Sudeste/Centro-Oeste, o maior do país, opera com apenas 30% de seu volume. Na bacia do São Francisco, a usina de Três Marias está praticamente seca, com apenas 7% de seu volume total.


Candidatos pretendem diversificar

Em seus programas de governo, os principais candidatos à Presidência pretendem diversificar a matriz energética. Maria Silva (PSB) diz que vai "aperfeiçoar e aumentar" os atuais programas de energias fotovoltaica e eólica. Aécio Neves (PSDB) pretende contemplar "as diversas fontes, de forma a garantir maior confiabilidade ao sistema". Dilma Rousseff (PT) diz que "as propostas estão sendo discutidas e aprofundadas em grupos temáticos" para o fechamento do programa de governo.

Ana Paula Pedrosa