Cana-de-açúcar: produção superou expectativas
14-12-2017

Em Minas Gerais, o clima mais favorável e os cuidados dos produtores com as lavouras fizeram com que a safra de cana-de-açúcar, em 2017, superasse as estimativas iniciais e alcançasse 64 milhões de toneladas, ante o volume de 61 milhões de toneladas previstos no início da safra. No atual período, a produção mineira de açúcar será de 4,2 milhões de toneladas, aumento de 7,7% frente a safra passada. Já a produção de etanol total foi estimada em 2,5 bilhões de litros, queda de 3,8%.

O Estado é um dos principais produtores de cana-de-açúcar do País, respondendo pela terceira maior produção, atrás somente de São Paulo e Goiás. Neste ano, os números iniciais da safra foram revisados e a produção esperada é de 64 milhões de toneladas, o que representa um incremento de 4,91% sobre os 61 milhões de toneladas previstos.

O setor sucroenergético de Minas Gerais iniciou o ano apostando mais na produção açucareira e com previsão de destinar 52% da cana para a fabricação de açúcar. A aposta foi influenciada pelas perspectivas de déficit no mercado mundial. Porém, no decorrer da safra, o cenário se alterou e os preços do açúcar no mercado internacional não sustentaram esse arranjo de produção, o que deixou o etanol um pouco mais atrativo. Com isso, a estimativa é que o mix da safra termine mais equilibrado (meio a meio).

O Triângulo, principal região produtora do Estado, é o grande responsável pelo aumento produtivo da safra mineira. Ao longo do ano, houve melhora na produtividade da lavoura, que recebeu bons níveis de chuvas em meados de 2017. Mesmo sendo época de colheita, as chuvas contribuíram para a melhoria da produtividade da cana. Os cuidados com as lavouras também foram fundamentais para os resultados positivos.

Apesar das chuvas em meados do ano, a safra de cana-de-açúcar enfrentou grande período de estiagem, o que causou impactos positivos e negativos. Se por um lado a estiagem favorece a absorção de sacarose e amplia a produtividade, por outro favorece os incêndios. Neste ano, os registros de incêndios foram maiores, ocorrendo muitas vezes em áreas já colhidas e interferindo no desenvolvimento da soqueira, o que pode causar perdas de produtividade na próxima safra.


Produtos

O ano de 2017 foi turbulento para o etanol. Depois de quatro anos de isenção, foi retomada à cobrança do Programa de Integração Social e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins). O imposto reduziu a competitividade do biocombustível frente a gasolina. Também houve importação de etanol e mesmo com a taxação de 20% sobre a transação, o volume de etanol norte-americano no mercado nacional foi significativo e impactou negativamente na formação de preços.

Dentre os impactos positivos, destaque para a nova política de precificação da gasolina, adotada pela Petrobras, medida considerada importante pelo setor. Apesar das mudanças tributárias recentes no mercado e no preço da gasolina terem impactado de forma positiva o consumo do combustível renovável, os preços estão 13% inferiores se comparados ao ano passado.

No caso do açúcar, a baixa competitividade do etanol e a falta de ações concretas em favor da produção levaram os usineiros a optarem pelo produto no início de 2017. Após a valorização nos preços em 2016, em função do déficit no mercado mundial, os bons preços do açúcar não se sustentaram em 2017, fato que favoreceu a reversão do mix do setor, do açúcar para o etanol. O aumento da taxa de importação, de 40% para 50%, aplicada pela Índia inibiu a oferta e o comércio internacional.

Em 2017, a produção de açúcar registrou um aumento de 400 mil toneladas na capacidade instalada no Estado, em função da instalação de mais duas fábricas, uma em Limeira do Oeste e a outra em Tupaciguara, ambas no Triângulo.


Projeções

Para o próximo ano, a tendência, apontada pelo mercado, é de que a produção de cana-de-açúcar dificilmente vai superar a atual temporada. Fatores climáticos, dificuldades de caixa para investimentos e a volatilidade do mercado do petróleo (fator que afeta a paridade entre o etanol e gasolina) causam incertezas no setor produtivo. Outro desafio é a idade dos canaviais. A produção de cana está cada vez mais pressionada por muitos deles já estarem envelhecidos.

Outro impacto poderá será resultado do inverno rigoroso observado em 2017 e da estiagem, uma vez que estes fenômenos prejudicaram o desenvolvimento da rebrota da soqueira. Porém, fatos de mercado registrados ao longo de 2017 e a expectativa da manutenção das chuvas até dezembro criam pontos de interrogação para a safra 2018/19.

Devido às chuvas mais constantes no fim do ano, o que impede o avanço da colheita, haverá cana remanescente de 2017 para ser processada em 2018. Em relação ao mix, na safra 2018/2019 espera-se uma produção mais alcooleira, já que o mercado de açúcar não tem gerado boas expectativas, enquanto que o consumo de etanol vem apresentando bons resultados.

O mercado do etanol tende a ser favorecido pelo Programa RenovaBio, lançado em dezembro de 2016, e que tem como objetivo estimular a produção dos combustíveis renováveis. O programa poderá estimular novos investimentos no setor.

O setor produtivo espera que, na próxima safra, haja atualização da metodologia e dos valores do Conselho de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Etanol, o que é fundamental para melhorar a performance da cana-de-açúcar no mercado tão complexo.