Cana: lucro líquido do CTC recua 29,3% no 1tri23, para R$ 21,6 milhões, com menor receita de royalties
12-08-2022

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), responsável pelo desenvolvimento de soluções de melhoramento genético para cana-de-açúcar, registrou lucro líquido de R$ 21,6 milhões no primeiro trimestre da safra 2022/23, queda de 29,3% frente ao mesmo período da temporada anterior.

Por Gabriela Brumatti

O Ebitda da companhia (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou de 41,1% na mesma comparação e atingiu R$ 30,98 milhões, informou o centro, ontem (11), depois do fechamento do mercado. A receita líquida caiu 13,9% no trimestre, para R$ 78,07 milhões. Segundo o CTC, o Ebtida refletiu tanto a redução da receita quanto o maior investimento em pesquisa e desenvolvimento, que cresceu 14,8%, e totalizou R$ 40 milhões no 1tri23.

O diretor de Relações com Investidores da companhia, Rinaldo Pecchio, afirmou que o resultado do trimestre espelha "o fim da cobrança de royalties pelas variedades CTC 1 a 5" (desenvolvidas pelo CTC). Mas afirma que essa queda de faturamento era esperada e a cobrança por tecnologias prossegue em relação a outras variedades. “A gente se preparou para isso”, completou o diretor do CTC. Segundo ele, o modelo de negócios, baseado na cobrança de royalties por determinado período por tecnologias que coloca no mercado, “permite ter uma previsão muito boa de fluxo de caixa e receita”. As perdas no atual trimestre foram compensadas, segundo o executivo, pelas correções da receita pela inflação e pelo mix de produtos com maior valor agregado.

Aposta - Para os próximos anos, a companhia aposta no desenvolvimento de sementes sintéticas para o plantio de cana-de-açúcar. “Não será em menos de dois anos (o lançamento), mas já começamos a ter perspectivas positivas de um produto com boa relação custo-benefício para fazer com que o plantio de cana-de-açúcar, que é uma atividade bastante custosa para as usinas, seja simplificado”, disse Pecchio.

RenovaBio -As recentes mudanças na cobrança de impostos sobre os combustíveis fósseis e as alterações no programa RenovaBio são “um revés de curto prazo” para o setor canavieiro. "Vemos muito mais como uma flutuação de curto prazo e uma questão de eleições, mas que não afeta muito o horizonte de longo prazo no qual a gente está inserido", classificou o gerente de Relações com Investidores do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Diego Ferrés. “A perspectiva para o etanol no longo prazo continua sendo muito positiva”, completou Ferrés.

O diretor de Relações com Investidores da companhia, Rinaldo Pecchio, completou que, embora as mudanças não afetam diretamente os rendimentos do CTC, a companhia olha com atenção para as movimentações. “O setor com condições de rentabilidade forte faz com que haja apetite para reformas e para o incremento do canavial”, explicou Pecchio.

Mercado volátil - Além do foco no cenário de biocombustíveis, o CTC presta atenção também na volatilidade do mercado para avaliar a abertura de capital. “Vamos ficar atentos à possibilidade de o mercado melhorar para ver se tem um encaixe para essa estratégia”, afirmou Pecchio.

Embora os planos de IPO a princípio estejam suspensos, a empresa mantém os trabalhos de divulgação de resultados a investidores e tem apresentando a representantes de fundos de investimento as novidades tecnológicas. O objetivo, diz o diretor, é “ter mais gente em condição de reconhecer o quanto a companhia tem de valor.”

 Fonte: Broadcast