Cana papaia: consistência de mamão, mais produção de etanol
18-06-2019

Todos conhecemos o mamão papaia, já a cana-papaia é uma novidade genética que está sendo desenvolvida para atribuir à cana uma característica do mamão, a maciez. 

Recentemente foi descoberto que as raízes da cana-de-açúcar têm uma característica interessante. Durante o seu desenvolvimento, as paredes das células se modificam e criam espaços cheios de ar, separando as células umas das outras. Esse processo é semelhante ao que acontece com o mamão. Nos frutos de mamão, as células se separam e tornam o fruto mais mole e de mais fácil digestão e extração dos açúcares.

Como esse mecanismo já está presente na planta de cana-de-açúcar (nas raízes), por que não levar essa característica para o colmo da planta, deixando-a mais fácil de ser digerida? Por isso, os pesquisadores estão estudando quais são os genes responsáveis por essa característica.

O colmo da cana-de-açúcar é rígido e firme, de difícil compressão e extração do caldo. Além disso, várias enzimas precisam ser usadas para degradar a palha e o bagaço da cana e transformá-los em açúcares, que aí sim poderão ser fermentados.

Para facilitar todo esse processo, pesquisadores estão desenvolvendo uma variedade de cana-de-açúcar que possui as paredes amolecidas, a cana-papaia. Essa característica vai fazer com que seja mais fácil a extração do caldo e, assim, seu uso para a extração do etanol de segunda geração. A ideia é que a cana papaia tenha essa característica em toda a planta, não apenas nas raízes.

Claro que a pesquisa está apenas no começo. Muito ainda precisa ser estudado e testado até que as plantas cheguem aos produtores. Em alguns anos, mais etanol de segunda geração (extraído da biomassa) poderá ser produzido a partir da cana papaia. A cana papaia, assim como a cana Bt e o etanol de cana são frutos da ciência brasileira.

Por Chico

Francisco Henrique ou, simplesmente, Chico é engenheiro agrônomo especializado em fitotecnia e melhoramento vegetal. É um dos colaboradores do programa Boas Práticas Agronômicas (Boas), pesquisador da CiaCamp – da Ciência ao Campo – e atua no controle e combate de doenças bacterianas em diversas culturas. Fez mestrado e doutorado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e especialização em Solos e Nutrição de Plantas pela Esalq/USP. É entusiasta das boas práticas e acredita que elas são essenciais para um cultivo mais sustentável, lucrativo e mais eficiente para o produtor.

Fonte: Canal Rural