Cartel não muda produção, e preço do petróleo é o menor em 4 anos
28-11-2014

Os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram não reduzir sua produção, em sua reunião desta quinta-feira (27), a despeito de meses de queda nos preços da commodity.

O preço do petróleo cru tipo Brent caiu dramaticamente com a notícia. O contrato para janeiro --referência internacional para o petróleo-- chegou a cair US$ 6,50, para US$ 71,25 por barril, a cotação mais baixa em quatro anos. Durante o dia, houve recuperação e o barril terminou valendo US$ 72,58.

O contrato de referência do mercado dos EUA caiu abaixo dos US$ 70 pela primeira vez desde junho de 2010, cotado a US$ 69,05.

Com a queda nos preços internacionais, as ações da Petrobras recuaram ontem: as ordinárias (com direito a voto) se desvalorizaram em 3,92%, e as preferenciais, 4,68%. O resultado ajudou para queda de 0,68% do Ibovespa nesta quinta.

No mais claro sinal até agora de que o cartel acredita que a cura para o excedente de produção cada vez maior é um corte nos preços, a Opep anunciou em comunicado que manteria seus atuais níveis de produção no interesse de "restaurar o equilíbrio de mercado".

"Vamos produzir 30 milhões de barris ao dia no primeiro semestre", disse Abdalla El-Badri, secretário-geral da Opep. "Não temos meta de preços; estamos em busca de um preço justo."

A mensagem ecoou a de Ali al-Naimi nos dias que precederam a reunião, quando o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, líder do cartel e maior produtora mundial de petróleo, disse esperar que o mercado petroleiro "venha por fim a se estabilizar".

O cartel está dividido. Os produtores de baixo custo com grandes reservas cambiais, como a Arábia Saudita e outras nações do golfo Pérsico, se mostraram mais dispostos a aguentar um período de preços mais baixos a fim de ganhar mercado em longo prazo.

Venezuela e Irã, que precisam de preços mais altos para o petróleo a fim de equilibrar o Orçamento, estão ávidos para que o cartel contenha novas quedas de preços.

"Os produtores mais prejudicados pela queda nos preços do petróleo foram persuadidos de que um corte na produção poderia ser pouco efetivo e que a única maneira de conter a disparada na produção de petróleo das reservas de xisto betuminoso dos Estados Unidos seria permitir que preços mais baixos ajudem a reduzir a oferta com o passar do tempo", disse Bill Farren-Price, diretor da Petroleum Policy Intelligence.

Tradução de Paulo Migliacci