Ceará retoma produção de álcool em duas usinas
24-02-2015


Cariri II, em Ubajara, começa geração de etanol ainda neste ano. Cariri I, em Barbalha, inicia no próximo ano

Ainda está sem definição do montante que será gasto no funcionamento da agroindústria, embora se cogite num investimento de até R$ 170 milhões
Barbalha. O setor canavieiro no Estado do Ceará será reativado nos próximos dias, com o início da moagem para fabricação de álcool na Usina Cariri II, em Ubajara, a segunda unidade da Usina Cariri do Ceará. Adquirida por um grupo de empresários de vários Estados do Brasil, por cerca de R$ 24 milhões, a agroindústria é a segunda adquirida pelos empresários no Estado. A primeira foi a antiga Usina Manoel Costa Filho. A meta é produzir, neste ano, cerca de 6 milhões de litros de álcool e aumentar o consumo no Ceará, reduzindo o preço na bomba em até R$ 1,00.

Atualmente, grande parte do etanol consumido no Ceará é adquirida no Estado de São Paulo. Para o diretor comercial da agroindústria, Henrique Paulo Santana, este será o grande passo no qual os empresários apostam, por ter havido uma estagnação na produção do álcool e também do açúcar no Estado. Já no Município de Barbalha, onde se encontra a Usina Cariri, os empresários pretendem ocupar uma faixa de terra de 3 mil hectares, com o plantio de novos cultivares de cana clonadas. Os experimentos das mudas adaptadas ao clima e solo da região estão sendo feitos por meio da empresa BioClone, que atua na área da biotecnologia no Ceará.

Solenidade

No Cariri, a usina foi formalizada com a nova denominação há cerca dois meses, em solenidade realizada na própria Agroindústria. Com o fim do contrato de comodato de quatro meses com a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), ela passará a ser uma sociedade anônima de capital fechado. Foi adquirida por meio de leilão pelo órgão estadual por R$ 15,4 milhões, na tentativa de reativar o setor, no fim do primeiro semestre de 2013. Por mais de um ano se tentou negociar a usina desativada no Cariri há mais de dez anos.

Uma solenidade chegou a ser realizada, em novembro do ano passado, para formalizar a nova empresa. No local, até o momento, foi realizada apenas limpeza e uma avaliação inicial do maquinário. Conforme o diretor, muito do que existe no local, em termos de equipamentos, será aproveitado e haverá grandes investimentos para o retorno do processamento da cana. Ele afirma que serão adquiridos materiais de ponta para que a usina volte a funcionar.

Ainda não foi realizado um levantamento para o montante que será gasto no funcionamento da agroindústria. Inicialmente, o próprio governo falava num investimento de até R$ 170 milhões. Até o momento, o que se pretende é dinamizar a cultura da cana, com plantio em áreas da região. Há a perspectiva de mobilização, por meio de empregos diretos e indiretos, de cerca de 3 mil pequenos produtores. A ideia é também ocupar, por meio de arrendamentos de pequenas áreas, 2,5 mil ha, além dos 3 mil adquiridos pela própria usina.

Tecnologia

Serão mais um ano e dois meses pela frente de cultivo da cana até que haja o produto para a moagem. Para isso, segundo Henrique, haverá um trabalho conjunto de profissionais experientes da região com o uso da tecnologia de ponta para a produtividade avançar. Ele disse que há muito que ser feito pela frente. Os antigos funcionários da usina estão sendo consultados, no sentido de propiciar um andamento mais eficaz das atividades.

A meta é finalizar, ainda neste semestre, a fase burocrática para o fechamento das negociações da usina junto ao governo do Estado. A Cariri II, antiga Usina São Francisco, será liquidada num período de 25 meses, mas já começa a funcionar, com emprego de mão-de-obra local.

De acordo com Henrique, os novos investidores do setor canavieiro são usineiros e empresários de outros setores, de São Paulo e Estados do Brasil. Segundo ele, se detectou uma deficiência de álcool no Nordeste e, principalmente, a desativação do setor no Ceará. "Houve um momento de paralisação, mas agora entra com 10 anos na frente", aposta o empresário.

Mesmo com o quadro de seca enfrentado no Ceará e no Nordeste brasileiro e a perspectiva de funcionamento do Cinturão das Águas, com a Transposição do Rio São Francisco, previsto para o fim deste ano, o diretor comercial admite que o planejamento, neste momento, está focado na mecanização agrícola e na irrigação. Seriam os meios mais seguros para garantir as primeiras safras. O início da nova fase de produção de álcool no Estado será com lançamento oficial nos próximos dias. A produção deverá entrar no mercado já reduzindo o preço do álcool.

Elizângela Santos - Colaboradora