CerradinhoBio vai de vento em popa
25-10-2017

Com mão firme no leme, CerradinhoBio avança, tornando-se a maior termoelétrica de biomassa do país

Andréia Vital

Enquanto muitas usinas afundam, a Cerradinho Bioenergia levanta a âncora, enfrentando as tempestades e as marés ruins, navegando em um mar de almirante, mesmo em um conturbado cenário econômico brasileiro. Prova disso é que, no dia 20 de setembro, a companhia, localizada em Chapadão do Céu, Goiás, inaugurou uma nova fase de sua cogeração de energia. Com R$ 250 milhões investidos, as obras para instalação da nova caldeira, de duas novas turbinas e dois novos geradores elevaram a capacidade de exportação de energia da usina para 850 GWh/ano. “Com o acionamento da segunda caldeira, a capacidade instalada de geração de energia passou a ser de 160 MW, suficiente para abastecer um município de 500 mil habitantes e suas indústrias, fato que consolida a empresa como a maior termoelétrica de biomassa do país”, afirmou Paulo Motta, presidente da companhia, ressaltando a eficiência energética e operacional do parque industrial da usina.

De acordo comLuciano Sanches Fernandes, presidente do Conselho Administrativo da companhia, a obra de expansão, que teve início em abril de 2015, contou com projetos de empresas estrangeiras e nacionais, como o caso da caldeira, que é da HPB Energia, e do projeto e da turbina, da WEG/TGM, empresas de Sertãozinho, SP. “Além do impacto na região da usina, a instalação da nova fase contribuiu também para aquecer a economia do interior de São Paulo, tradicionalmente ativa neste setor e que, com a crise, atravessou períodos ociosos”, comentou em cerimônia que contou com colaboradores, acionistas, empresários e autoridades como o vice-governador de Goiás, Zé Eliton, o prefeito de Chapadão do Céu, GO, Rogério Graxa, e o prefeito de Chapadão do Sul,MS, João Carlos Krug, entre outros.

Com sistema de ciclo regenerativo, a nova caldeira permite produzir vapor e energia de forma eficiente. “Ambientalmente sustentável, a caldeira tem flexibilidade para a queima de matérias-primas alternativas, como braquiária, resíduos químicos e outras fontes de carbono, e hoje estamos queimando cavaco de eucalipto”, explicou Fernandes. Segundo ele, em escala de teste, já foram utilizados como biomassa o sorgo, que pode ser uma alternativa para o futuro, e a cana-energia, sem viabilidade para o projeto. “A caldeira tem tecnologia para utilizar resíduos urbanos também, mas, para ser utilizado, o produto exige um pré-processamento e não está disponível no mercado atualmente”, completou Motta.

Deslizando, calma e velozmente

Próxima de atingir R$ 1 bilhão de faturamento, a companhia vem crescendo continuamente. “Na safra passada, moemos 5,061 milhões de toneladas, fato que nos posicionou como a maior unidade industrial em moagem individual do estado de Goiás”, disse Motta, completando: “Neste ciclo, vamos moer 5,4 milhões de toneladas e devemos chegar a 6,5 milhões nos próximos três anos”, afirmou.

Com produtividade média de 104 toneladas por hectare, a usina utiliza 30% da matéria-prima oriunda de fornecedores parceiros e 70% de cana própria, sendo que toda a operação agrícola é mecanizada. “Hoje operamos em 60 mil hectares e, como pretendemos ultrapassar os 6 milhões de toneladas na moagem, já temos a área para esta expansão”, explicou o presidente da empresa, contando que a CerradinhoBio, que tem 3.800 funcionários diretos e indiretos, produz ainda 455 mil metros cúbicos de etanol e exporta, atualmente, 540 GWh de energia, trabalhando com três contratos no mercado regulado, tendo um quarto que entra em vigor em 2019.

No caso do etanol, uma das vantagens da empresa é que a companhia mantém em Chapadão do Sul, MS, município vizinho de onde fica a sua sede, um terminal férreo de transbordo para escoamento da produção própria de biocombustível e de terceiros para a região de Paulínia-SP, principal polo de distribuição do combustível do Brasil.

Prevendo a bonança

Apesar de a vantagem logística não se replicar para o açúcar, a empresa mira em uma demanda mundial para acommodity e já tem na gaveta um plano para produzir o produto num futuro próximo. “Este projeto exigiria investimento da ordem de R$ 120 milhões, mas decidimos botar em espera até que a competitividade logística permita-nos fazer açúcar aqui e exportar 20 mil sacas por dia”, contou Motta, lembrando que, com o desenvolvimento do segmento logístico no Brasil, com escoamento da safra pelo Norte e execução do planejamento estratégico de desgargalamento da linha férrea, da Rumo, que vai de Rondonópolis, MT ao Porto de Santos, SP, vislumbra-se a solução desse problema a médio prazo.

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