Chegada da primavera é positiva para setor de cana, mas La Niña pode estar próximo
23-09-2016

A primavera, que começa ontem (22), já chega com o setor elétrico atento. Segundo dados do Climatempo, muitas cidades nordestinas estão com seus reservatórios vazios e até mesmo o maior deles, de Sobradinho, está prestes a entrar no volume morto. No Estado do Acre, na região Norte do Brasil, diversas cidades já estão em racionamento de água. Por sua vez, no Sul do Brasil, cidades ainda contabilizam os prejuízos causados pela força da chuva e lavouras foram prejudicadas por causa do volume excessivo de água.

Entretanto, o setor de cana-de-açúcar do Centro-Sul do país, é um dos poucos que terminou a estação comemorando. Ao longo do outono, os canavieiros tiveram dificuldades para a colheita e moagem devido à chuva. Mas os trabalhos estão a todo vapor em setembro e a safra pode ser recorde em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Além disso, grandes produtores de outros países, como Índia e Tailândia tiveram safra menor, devido à má condição do climática provocada pelo de El Niño e esse efeito combinado deve beneficiar os produtores de cana desses estados do Brasil.

“Atualmente, estamos em um período chamado de neutralidade. O finalzinho deste inverno e o início da primavera irão ocorrer dentro da normalidade neste período de transição de uma estação para a outra”, comenta o meteorologista Alexandre Nascimento.

Porém, ele lembra que outro fenômeno climático pode se configurar ainda neste ano de 2016: uma La Niña de fraca intensidade. Normalmente esse fenômeno tende a espalhar mais chuva pelo Brasil e isso é uma ótima notícia para as áreas que sofrem com a estiagem. No entanto, de acordo com o Climatempo, o Brasil está saindo de uma situação muito crítica e os efeitos positivos dessa chuva ainda devem demorar a trazer efeito para os reservatórios e rios secos. Ou seja, a chuva deve colaborar com a agricultura, mas seus benefícios ainda não serão sentidos nos reservatórios durante a primavera.

O legado do El Niño 2015

Segundo o Climatempo, apenas com a chegada da primavera e a chance de se configurar o fenômeno La Niña é possível entender quais foram as marcas que o El Niño deixou no Brasil durante sua atuação entre o final de 2014 e o outono de 2016. Afinal, os efeitos ainda estão sendo sentidos em alguns estados.

Especialistas descrevem o El Niño como um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Em geral, o El Niño atinge seu pico no final do ano.

No Brasil, o fenômeno intensificou a seca no Nordeste e também provocou estiagem prolongada no Norte, no centro-norte de Minas e de Goiás e no Distrito Federal. Além disso, houve muitas inundações no Sul e o impacto do fenômeno foi tão grande que até hoje causa transtornos na economia do Brasil, principalmente no setor elétrico e de alimentos.

Esse mais recente El Niño, que teve seu pico em dezembro de 2015, apresentou um dos maiores impactos do último século. Segundo o Climatempo, ele só não foi mais forte do que o fenômeno de 1997-1998.