Clima contribui para aumento da população de Sphenophorus levis. Implementos agrícolas são aliados no controle da praga
18-04-2019

Áreas com mais de 30% de tocos atacados pela praga devem ir para a reforma imediatamente
Áreas com mais de 30% de tocos atacados pela praga devem ir para a reforma imediatamente

Para reforma de canavial em áreas infestadas com S levis é fundamental utilizar equipamentos como o eliminador mecânico de soqueira

Outono mais e quente e chuvoso do que o normal pode ter impactos expressivos nas populações de Sphenophorus levis (S levis), atual praga de maior importância para o setor canavieiro paulista e que já se encontra nos canaviais mineiros e goianos.

Normalmente, o S levis tem de quatro a cinco gerações por ano, com ciclos que variam de 40 a 60 dias. No inverno, este ciclo estica, enquanto que, no verão, ele encurta. Dessa forma, devido a uma condição de verão observada até o momento, a probabilidade de o ciclo ser encurtado é maior, ou seja, haverá mais gerações da praga num mesmo ano.

Esse fato implicará em maiores infestações e, consequentemente, em maiores prejuízos. Além do uso de mudas sadias, monitoramento e o Manejo Integrado de Pragas (MIP), os implementos agrícolas são aliados no controle do Sphenophorus. Para reforma de canavial em áreas infestadas com S levis é fundamental utilizar equipamentos como o eliminador mecânico de soqueira. Para o controle da praga em área de soca, usa-se o desenleirador de palhas e depois entra com o cortador de soqueira.

Canavial atacado por Sphenophorus

 

O pesquisador Newton Macedo aconselha que áreas com mais de 30% de tocos atacados pela praga devem ir para a reforma imediatamente, para diminuir a pressão da população em áreas vizinhas. Aí é que entra em ação o eliminador mecânico de soqueira.

Macedo alerta que, para realizar a destruição mecânica de soqueiras, dois aspectos importantes devem ser considerados nesta operação: a época de execução e o uso correto do implemento agrícola. “Como as formas biológicas se concentram nas touceiras, essa operação dever ser realizada de março a setembro, ou seja, do final até o início das chuvas, coincidindo com o período seco (deve trabalhar levantando poeira) e temperaturas amenas do ano, em que há maior concentração de larvas e outras formas biológicas, pupas e adultos. Áreas com presença de S. levis, devem ter seu planejamento de reforma diferenciado em virtude desta praga, visando maximizar esta operação.”

 

Cortador de soqueira

Antes de destruir a soqueira mecanicamente, Macedo instrui que é preciso aplicar glifosato. Já o eliminador de soqueira deve passar em faixas alternadas, com retorno em 15 dias para o bom secamento do material vegetal e a ação de predadores (principalmente carcarás).

Para a total eliminação, passar uma grade, ainda no período seco. Após a eliminação da soqueira, o pesquisador também aconselha realizar o preparo de solo convencional. “A subsolagem, aração e gradagem promovem um ressecamento da camada superficial do solo, reduzindo significativamente as formas biológicas de S. levis. Isso, quando possível, seguido de um vazio sanitário e/ou rotação de culturas. Amendoim e soja reduzem a população da praga. As áreas com altas infestações que não terão rotação de cultura, devem receber uma aplicação de inseticida incorporado em área total na 3ª gradagem.”

Antes de utilizar o cortador de soqueira, deve-se passar o desenleirador de palha somente na linha da cana

Já as áreas de colheita com infestações entre 10 e 30% de toletes atacados, não necessitam ser renovadas, mas é preciso aplicar um controle eficiente. Macedo orienta a fazer dois tratamentos químicos: o 1º logo após a colheita (cortando a soqueira), quando são visíveis os perfilhos da linha, aplica-se o inseticida, com volume de calda de 150 a 200 litros por hectare. O 2º tratamento deve ser realizado no período de primavera/verão.

 

Destruindo a soqueira

 

O Pesquisador observa que as áreas cujo levantamento pós-colheita indicar presença da praga, mesmo com baixo índice de tocos atacados, devem receber o tratamento de soqueira em área total. Macedo também salienta que, logo após a colheita, antes de utilizar o cortador de soqueira, deve-se passar o desenleirador de palha somente na linha da cana, essa operação faz com que o produto químico chegue diretamente à base da touceira.

Macedo alerta que usinas e fornecedores que já detectaram este inseto em seus canaviais devem manter uma estratégia bem agressiva de seu controle, inclusive realizar a limpeza e aplicação de inseticidas nas colhedoras, transbordos e equipamentos para evitar que num futuro próximo a referida praga se alastre mais e torne a cultura da cana um negócio inviável economicamente. “São estratégias de convivência com a praga uma vez que a erradicação está fora de possibilidades técnicas.”

 

Fonte: CanaOnline