“CNA cometeu pecado mortal de não abordar a crise sucroenergética em sabatina com a candidata Dilma”, afirma Maurilio Biagi
07-08-2014

Clivonei Roberto
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou ontem (6 de agosto), em Brasília, uma sabatina com os três principais candidatos à presidência da República: a presidenta Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).
Ao final do evento, o presidente da CNA, João Martins da Silva Júnior, se manifestou satisfeito com o resultado do encontro. “O mais importante é que os três candidatos se comprometeram a dialogar com o setor agropecuário, caso sejam eleitos”, destacou. Os candidatos tiveram cerca de uma hora para fazer apresentação e responder cinco perguntas feitas por produtores rurais.
Sobre um dos principais problemas enfrentados atualmente pelo agronegócio nacional, que é a crise no setor sucroenergético, dois dos presidenciáveis, Eduardo Campos e Aécio Neves, se manifestaram espontaneamente, analisando com indignação a situação atual do setor e apresentando propostas. Já a presidente da República, Dilma Rousseff, preferiu não falar sobre o assunto.
No auditório, estavam alguns representantes do setor sucroenergético, como Elizabeth Farina, presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), Manoel Ortolan, Presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), e o empresário Maurílio Biagi.
“Os três candidatos falaram bem, ‘venderam’ bem suas ideias”, disse Biagi ao final do evento. Ele também elogiou os candidatos Aécio e Campos por terem feito questão de se posicionar sobre a agroindústria canavieira, o que não aconteceu da parte da Presidente da República, Dilma Rousseff. “E acho isso um absurdo ela não ter falado nada sobre esse setor, que hoje é o maior problema da agricultura brasileira”, com fechamento de várias usinas e desemprego, principalmente no interior do País.
Talvez seja até previsível que a presidenta Dilma tenha preferido, estrategicamente, não falar sobre a crise enfrentada pela cadeia da cana-de-açúcar com medo de vaias, considerando as críticas contra o governo dela por conta da política que tem adotado principalmente para o etanol. Mas Biagi lamenta que a CNA, que organizou a sabatina e é a maior entidade representativa da agricultura brasileira, tenha perdido a oportunidade de cobrar um posicionamento da presidenta sobre a agroindústria canavieira. “A presidenta Dilma não tem interesse de abordar espontaneamente a crise do setor, mas a CNA cometeu um pecado mortal de não abordar esse tema com a candidata Dilma.”