Cocamar avança com o grão em áreas de canaviais
21-08-2020

A cooperativa paranaense Cocamar, que tem sede em Maringá (PR) e prevê faturar R$ 5,8 bilhões em 2020, está apostando em um modelo de parceria com usinas de cana-de-açúcar que pode facilitar o avanço do plantio de soja por seus cooperados sobre 80 mil hectares de reforma de canaviais por ano. A ideia é, por meio de arrendamentos, estimular a rotação de culturas, entregando retorno ao usineiro e ao cooperado.

Marco Antônio de Paula, gerente de negócios da Cocamar, explica que no raio de atuação da cooperativa - que vai do norte do Paraná e sul de São Paulo ao leste de Mato Grosso do Sul - há 400 mil hectares de cana que têm taxa de renovação anual na casa de 20%.

Idealizador da iniciativa, de Paula conta que a proposta é centralizar na Cocamar toda a logística, assessoria técnica e respaldo necessários para o produtor investir no plantio, enquanto a usina ganha pelo arrendamento sem ter que lidar com os arrendatários, e ainda colhe os benefícios agronômicos.

Por meio da rotação, é possível promover a ciclagem de nutrientes no solo e interromper o ciclo de pragas e doenças. A parceria também prevê que, quando a produção vai bem, o lucro da soja seja dividido entre cooperado e usina. Para a cana, a rotação pode permitir um aumento de 15% da produtividade média, conforme estimativas.

No campo, as áreas entregues aos cooperados são fatiadas conforme a possibilidade de cada um, e ficam sob tutela de um coordenador técnico. Iniciado na safra 2019/20 no Pontal do Paranapanema, região oeste de São Paulo, com a usina Cocal, o projeto já tem novos adeptos e está dando os primeiros passos sobre áreas de pasto degradado, devendo abocanhar 22,6 mil hectares em 2020/21.

Pioneira no piloto, a usina Cocal, da região de Paraguaçu Paulista e Narandiba (SP), dobrou sua área da iniciativa em relação à safra passada e destinará 9,8 mil hectares ao programa. A usina da Atvos, em Teodoro Sampaio (SP), abrirá as porteiras para os cooperados da Cocamar plantarem 7 mil hectares da oleaginosa, e a Umoe Bioenergy, de Sandovalina (SP), outros 5,3 mil.

Para estimular o avanço sobre as novas áreas, a cooperativa oferece também a seus associados, via corretora própria, um seguro que cobre os custos de produção, estimados em 35 sacas de soja por hectare no Pontal do Paranapanema.

No caso da Cocamar, o ganho está em gerar oportunidades para os cooperados, vender mais insumos e receber, como forma de pagamento, a safra. No ciclo 2020/21, a cooperativa espera faturar R$ 40 milhões com a venda de insumos e originar 70 mil toneladas de soja dentro do projeto. Em 2019/20, recebeu 1,5 milhão de toneladas da oleaginosa, plantadas sobre uma área de cerca de 450 mil hectares.

"O solo arenoso e o clima quente do Pontal não intimidam os produtores paranaenses", diz de Paula. É o caso dos irmãos Fabiano e João Paulo Rossi, acostumados à terra roxa de Sertanópolis (PR), que com o programa dobraram sua área de soja no ciclo passado e colheram 60 sacas por hectare na área da Cocal. A média de rendimento nos 5,1 hectares arrendados da usina em 2019/20, contudo, foi de 45 sacas por hectare, o que, ainda assim, viabilizou a iniciativa.

Depois de um ano de testes com a Cocal, com a adesão de 19 produtores, a Cocamar se prepara para abrir o campo para 31 novos cooperados. E, já nesta temporada, eles terão, fora as áreas de cana, 500 hectares de pastagens para plantarem soja.

Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA