Com oito safras na bagagem, mulher operadora de colhedora busca oportunidade de trabalho
13-02-2017

VI Encontro Cana Substantivo Feminino, 16 de março em Ribeirão Preto, SP. Inscrições antecipadas grátis pelo site: www.canaubstantivofeminino.com.br


Quando os pais de Valquíria Godoi compraram um sítio na pequena cidade de Rancharia, localizada no oeste paulista, a moça decidiu que era hora de começar a ajudar nos negócios da família. Após entregar currículos em diversas empresas, foi chamada para trabalhar no corte manual da cana-de-açúcar na Usina Atena, com sede no município de Martinópolis.
Naquela época, o corte manual já estava em decadência no Estado de São Paulo, sendo que as grandes colhedoras já começavam a tomar conta dos canaviais. De longe, Valquíria olhava aquelas máquinas e sonhava em um dia operar uma delas. E a oportunidade veio mais cedo do que ela imaginava. Após participar de uma série de cursos de capacitação oferecidos pela Usina Atena, e tirar a habilitação necessária, Valquíria aposentou o facão e pode, finamente, assumir as “rédeas” da tão sonhada colhedora de cana.
Entretanto, após oito safras colhendo cana mecanicamente, Valquíria viu seu sonho ruir quando descobriu dois tumores na vesícula e teve que se afastar da colheita da cana. Hoje, oito meses depois da operação, ela busca uma nova oportunidade no setor, trabalhando naquilo que, segundo ela, é sua paixão. “Não tenho vergonha de afirmar que amo minha profissão e me dedico ao máximo para que a operação saia da melhor maneira possível.”
Ao longo dos últimos meses, Valquíria tem buscado uma oportunidade como operadora, mas que tem tido grande dificuldade, em grande parte, por ser mulher. “Muitas usinas já me falaram que não contratam mulheres para operar uma colhedora que custa mais de R$ 1 milhão.” Ela conta que já lhe ofereceram uma vaga para ser motorista de ônibus, mas que não aceitou. “Vou tentar, ao máximo, achar uma vaga como operadora de colhedora, porque é o que eu amo e sei fazer.”
Ela ressalta que não entende os motivos de as usinas não estarem abertas a contratação de mulheres na condução das colhedoras, já que elas são mais “atenciosas, dedicadas, gastam menos combustível e causam bem menos quebras do que os homens”.
Durante nossa conversa, Valquíria contou uma história um tanto curiosa, que prova o fato de que as mulheres topam qualquer desafio quando querem. “No início da safra de 2014, na Usina Diana, foi me dito que eu iria trabalhar com uma colhedora de esteira. Porém, logo depois, veio o aviso que, na verdade, iria operar uma máquina de pneus, pois nenhum operador masculino aceitou o desafio.” Segundo ela, isso ocorreu, pois, as máquinas de pneus tendem a tombar mais facilmente, ou seja, a operação deve ser feita com mais cuidado e atenção. “Para mim não tem diferença. Pneu ou esteira, eu topo o que vier.”
Atualmente, Valquíria está à procura de uma oportunidade no mercado de trabalho. Caso queira contratá-la e contar com uma operadora feminina extremamente bem capacitada no seu quadro de funcionários, entre em contato conosco: leonardo@canaonline.com.br
Veja vídeo da Valquíria colhendo cana com colhedora de pneus:
https://www.youtube.com/watch?v=xNYFSkgvDsY
Histórias como a de Valquíria serão retratadas no VI Encontro Cana Substantivo Feminino, que acontece em 16 de março no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto, SP. Inscrições antecipadas grátis pelo site: www.canaubstantivofeminino.com.br