Com Trump, EUA deverão sair do debate sobre mudanças climáticas, mas se espera que etanol de milho não seja afetado
10-11-2016

O mundo foi estremecido nesta semana com a eleição para presidente dos Estados Unidos do bilionário Donaldo Trump. Em sua campanha eleitoral, dentre várias opiniões polêmicas e criticadas, apresentou uma posição de ceticismo quanto às mudanças climáticas. Mais do que isso, afirmou que se trata de uma “farsa”, uma obra do governo chinês. Inclusive, disse em diversas ocasiões que renegociaria ou cancelaria o pacto aprovado por dezenas de países na Conferência Mundial do Clima, em Paris (COP-21), no ano passado.

Em Marrakesh, no Marrocos, onde acontece a COP-22, as delegações continuam os trabalhos e debates sobre a regulamentação do Acordo de Paris, mesmo depois da notícia da eleição de Trump. Mas os participantes não negam que o resultado das eleições norte-americanas foi decepcionante e joga uma nuvem de incertezas sobre o futuro. Por isso, a expectativa é que as negociações acerca do Acordo do Clima sejam aceleradas, antes da posse do novo presidente yankee.

No Brasil, muito também se pergunta sobre os resultados das eleições norte-americanas sobre o país. Com um discurso protecionista, o setor produtivo brasileiro fica na expectativa.

Especificamente para o setor sucroenergético, não há clareza de que a chegada de Trump ao poder traga algum impacto negativo, segundo João Paulo Botelho, analista de mercado da FC Stone. “Principalmente porque ele disse que pretende manter o programa de etanol nos EUA. Diferente de outros pré-candidatos, que criticaram o programa.”

No entanto, quanto ao programa de proteção ao mercado de açúcar, Trump não deu indicação sobre sua posição, “mas considerando a retórica protecionista da campanha, não vejo motivo para mudar, acho que a política do açúcar deve continuar”.

E na questão macroeconômica, Trump é um candidato fora do mainstream que acaba sendo eleito, o que aumenta a instabilidade e tende a causar um impacto baixista sobre as commodities no curto prazo.

“Os EUA deverão diminuir sua participação nos compromissos globais na questão climática, mas nesse aspecto acredito que não será significativo o impacto nesse sobre a indústria de produção de etanol de milho no país.”

Edmundo Barbosa, presidente do SINDALCOOL PB, concorda que todas as commodities vão sofrer alguns solavancos no mercado depois da notícia de que Trump chegará à Casa Branca, até que exista uma acomodação natural.

Além disso, para Barbosa, não se pode esperar de Trump programas para criar políticas públicas e ideias para promover a prosperidade e iniciativas para reduzir a pobreza. “Nós, aqui do setor sucroenergético, podemos e devemos argumentar com firmeza sobre os indicadores de desenvolvimento nas cidades e estados aonde é produzido o etanol e os seus efeitos na superação dos índices de desenvolvimento humano e de redução da pobreza.”

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