Commodities Agrícolas
22-03-2019

Café: Ajuste técnico: Após uma forte queda desencadeada pela ampla oferta global, os preços do café passaram por um modesto ajuste ontem na bolsa de Nova York. Os lotes da espécie arábica com vencimento em julho subiram 10 pontos, fechando a 97,55 centavos de dólar por libra-peso. Segundo relatório do Commerzbank, a queda "expressiva" do dia anterior ajuda a explicar a recuperação das cotações. Ainda assim, o banco alemão vê um cenário baixista para os preços enquanto se mantiver a perspectiva de safra cheia no Brasil, mesmo em um ano de bienalidade negativa para a cultura. A recuperação das cotações, avaliou o banco, só deverá ocorrer quando a oferta diminuir "um pouco". Em São Paulo, o indicador Cepea/Esalq para a saca de 60 quilos do café arábica teve alta de 0,23% ontem, para R$ 388,89.

Cacau: Seguindo a libra: A depreciação da libra esterlina pesou sobre as cotações do cacau na bolsa de Nova York. Ontem, os contratos futuros para julho recuaram US$ 13, fechando a US$ 2.146 por tonelada. A moeda do Reino Unido se desvalorizou perante o dólar devido ao impasse envolvendo o processo de saída da União Europeia (Brexit). Ontem, a UE sinalizou que dará um prazo menor que o pretendido pelo Reino Unido para o Brexit. Os britânicos haviam pedido extensão do prazo, de 29 de março para 30 de junho. Mas a UE indicou 22 de maio como data final. As cotações do cacau acompanham o movimento da libra porque a bolsa de Londres é uma importante referência para as cotações. Em Ilhéus, na Bahia, o preço médio do cacau caiu 0,7% ontem, para R$ 142 por arroba, de acordo com a Secretaria de Agricultura do Estado.

Soja: Contra a corrente: Mesmo com dados de exportações de soja dos Estados Unidos abaixo do esperado e sinais de preocupação com as negociações comerciais entre Pequim e Washington, os contratos futuros da oleaginosa subiram ontem na bolsa de Chicago. Os papéis com vencimento em julho subiram 4,75 centavos de dólar, fechando a US$ 9,2425 por bushel. Os fundos que investem em commodities se veem diante de um cenário turvo. Se de um lado a decisão do Federal Reserve (Fed) de não elevar mais os juros em 2019 pode representar um estímulo aos investimentos de maior risco (caso das commodities), de outro lado, o ritmo de crescimento econômico nos EUA, China e Europa inspira cautela. No Brasil, o indicador Esalq/BM&FBovespa para a soja no porto de Paranaguá (PR) ficou ontem em R$ 78,50 a saca, alta de 1,43%.

Milho: Demanda chinesa: Os sinais de maior demanda da China puxaram as cotações do milho na bolsa de Chicago. Os contratos futuros com vencimento em junho terminaram o pregão de ontem cotados a US$ 3,8550 por bushel, valorização de 4,5 centavos de dólar. De acordo com a consultoria ARC Mercosul, são esperadas novas compras de milho pelos chineses nos próximos dias, sendo que a demanda pode chegar a 20 milhões de toneladas no ano. Conforme Brian Grossman, da consultoria Zaner Group, o país asiático tem potencial para comprar 30 milhões de toneladas de milho ao ano em um horizonte de cinco anos. A China quer estimular a produção de etanol a partir de milho para reduzir a poluição, disse o analista. No Brasil, o indicador Esalq/ BM&FBovespa para o grão recuou 0,13% ontem, a R$ 38,10 a saca de 60 quilos. (Valor Econômico 22/03/2019)