Convivência e comunicação com apicultores são os destaques em evento do Colmeia Viva
07-12-2018

A 5ª Edição do Colmeia Viva – Diálogos, uma iniciativa que tem por objetivo estabelecer uma interlocução aberta entre apicultores, agricultores, acadêmicos, produtores de defensivos agrícolas e governo, foi realizada entre os dias 27 e 28 de novembro, na cidade de Porto Alegre.

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), representada por sua assessora Jurídica e de Sustentabilidade, Renata Camargo, participou do painel que discutiu os desafios para construção de uma relação mais produtiva entre agricultura e apicultura.

Mediado pelo Professor Osmar Malaspina, da Universidade Estadual Paulista, o painel contou com a presença de Ana Assad (Associação de Estudos das Abelhas), José Soares de Aragão Brito (Confederação Brasileira de Apicultura), de Marcelo Scapin (Fundo de Defesa da Citricultura - Fundecitrus) e Roberta Nocelli (Universidade Federal de São Carlos).

Marcelo Scapin fez questão de ressaltar que “o Fundecitrus acredita que é possível uma relação mais produtiva entre agricultura e apicultura. Uma ação conjunta entre os elos das cadeias tornará esta parceria uma realidade e eventos como este nos ajudam fortalecer a necessidade de diálogo”.

De acordo com a assessora da UNICA, a presença do setor sucroenergético no evento evidencia sua preocupação com a regularidade das atividades que são desenvolvidas no entorno das áreas de cultivo de cana-de-açúcar. “O exercício de uma atividade não deve impedir o funcionamento de outra, ou seja, o caminho para a convivência pacífica entre diferentes culturas e atividades está na comunicação permanente entre os setores envolvidos”.

Renata Camargo também explicou que, apesar da cana-de-açúcar não ser uma cultura atraente e nem mesmo dependente da ação de polinizadores, o setor tem investido na aproximação com os apicultores. “Agricultura e apicultores precisam estabelecer uma nova forma de diálogo para coexistência de ambos. Mesmo a cana não sendo atrativa para as abelhas, o setor investe muito na recuperação de vegetação nativa, tanto de Reserva Legal, quanto de Áreas de Preservação Permanente, e essas áreas, respeitada a legislação ambiental vigente, podem ser utilizadas como pasto apícola e meliponícola”.

Ela ainda esclareceu que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas usinas para o desenvolvimento de canais de comunicação com os apicultores está na grande informalidade encontrada nesta atividade. “As atividades da apicultura e da meliponicultura estão seguindo uma trajetória de aprendizagem e profissionalização, porém, ainda são essencialmente secundárias para renda desses produtores de mel. Nesse contexto, a produção ainda é majoritariamente informal, sem os cadastros necessários junto aos órgãos governamentais. Essa informalidade aliada ao desconhecimento da localização das colmeias impede que as usinas informem sobre a realização de manejos nas áreas de cultivo, bem como estabeleçam uma rotina de diálogo para formalização dos pastos apícolas nas áreas de vegetação nativa das usinas”.

Sobre as ações desenvolvidas pelo setor sucroenergético, Renata Camargo citou que o ‘Protocolo Etanol Mais Verde’, assinado em 2017 pela UNICA, Orplana e o Estado de São Paulo, este representado pela Cetesb e pelas Secretarias do Meio Ambiente e Agricultura, traz uma diretiva técnica específica sobre o uso de defensivos agrícolas, estabelecendo o compromisso das usinas e fornecedores de cana de atender às orientações técnicas do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, respeitando as distâncias mínimas de povoados, mananciais, moradias isoladas e agrupamentos de animais, bem como de contratar empresas de aviação aeroagrícola que estejam regulares junto aos órgãos competentes e que disponham de sistema de navegação, controle eletrônico e registro que possibilitem o monitoramento e registro das aplicações com informações técnicas.

Além destes compromissos assumidos no âmbito do Etanol Mais Verde, já existem alguns avanços no relacionamento entre o setor sucroenergético e os apicultores, a exemplo dos programas de convivência e de produção acadêmica desenvolvidos pela Syngenta em parceria com algumas usinas do Estado de São Paulo.

Para Paula Arigoni, liderança do Colmeia Viva® no Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Defesa Vegetal, incentivar e promover ações para melhorar o diálogo entre agricultores e criadores de abelhas é fundamental. Citando as ações do próprio Colmeia Viva®, ela destacou que “agricultores podem identificar as áreas de sobreposição de atividades agrícolas e apícolas e avisar quando vão ocorrer as pulverizações. Criadores de abelhas podem receber os comunicados de aplicações e saber quais medidas de proteção devem tomar”.

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Fonte: Unica