Copersucar lucrou 16% mais em 2013/14
18-06-2014

Mesmo depois de arcar com os custos provocados pelo incêndio que comprometeu temporariamente seu terminal portuário no porto de Santos, no litoral paulista, a Copersucar, maior trading de açúcar e etanol do mundo, encerrou seu exercício 2013/14, em 31 de março passado, com resultado operacional e lucro líquido maiores que em 2012/13.

Foram decisivos para esses avanços as oportunidades geradas no primeiro trimestre deste ano pela intensa volatilidade das cotações internacionais do açúcar e pelas nevascas que atingiram regiões dos Estados Unidos e motivaram uma forte valorização dos preços do etanol naquele país, onde a empresa brasileira controla a maior comercializadora do biocombustível.

Com esses impulsos, a Copersucar fechou o último exercício (equivalente à safra canavieira 2013/14) com lucro líquido (atribuído aos acionistas controladores) de R$ 79 milhões, 16,17% maior que no ciclo anterior (R$ 68 milhões). Se for considerado o prêmio de 2% sobre as cotações calculadas pela Esalq para açúcar e etanol pago antecipadamente às usinas sócias, o resultado líquido "ajustado" foi positivo em R$ 208 milhões, 3,48% superior ao de 2012/13 (R$ 201 milhões).

De acordo com Paulo Roberto de Souza, presidente da Copersucar, o incremento decorreu sobretudo das decisões tomadas pela empresa diante da volatilidade do açúcar entre janeiro e março deste ano, o último trimestre do exercício 2013/14.

"Quando o açúcar desceu a 15,30 centavos [de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York], nossa leitura de mercado foi que haveria uma inversão. Assumimos uma posição comprada [que aposta na alta] e acertamos, pois os preços bateram 18 centavos", lembra o executivo.
A Copersucar movimentou um total de 8,6 milhões de toneladas de açúcar em 2013/14, um aumento de 10,25% na comparação com o ciclo anterior. Mas o volume ficou 4,6% abaixo da meta inicial de 9 milhões de toneladas, em consequência das dificuldades logísticas decorrentes do incêndio ocorrido em outubro do ano passado em seu terminal de exportação em Santos.

A movimentação de etanol da empresa a partir do Brasil cresceu 8,8% na comparação, para 4,9 bilhões de litros, enquanto nos Estados Unidos, por meio da controlada Ecoenergy, aumentou 30,7% e atingiu a 6,9 bilhões de litros. Ao todo, portanto, foram 11,7 bilhões em 2013/14, ou 11,3% da produção mundial.

Com isso, a receita líquida da Copersucar cresceu 57% no exercício encerrado em março, para R$ 23,2 bilhões. "Foi a primeira safra completa com os resultados da Ecoenergy, que foram duas vezes maiores do que esperávamos quando compramos o controle da companhia (65%), no fim de 2012", disse Luís Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar.

A diferença básica entre os ambientes de negócios para o etanol no Brasil e nos EUA, conforme Pogetti, é a maior liquidez no mercado futuro americano, tanto na bolsa (de Chicago) quanto no balcão (contratos futuros negociados fora da bolsa). "Isso nos possibilita assumir posição e aproveitar oportunidades oferecidas pela oscilação de preços".
Mas, na temporada 2013/14, um fator adicional garantiu a melhora dos resultados da Ecoenergy. Segundo Pogetti, a nevasca que prejudicou a logística americana fez as cotações do etanol para entrega na costa leste do país dobrarem do patamar de US$ 2 para US$ 4 o galão (3,785 litros) no primeiro trimestre. "Tínhamos avaliado bem o mercado e tomamos posição. A nossa logística nos permitiu aproveitar a oportunidade, pois tínhamos etanol estocado na costa".

Todos esses fatores contribuíram para uma expressiva alta de 134%, para R$ 488 milhões, do indicador que mede o desempenho operacional da empresa, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Somados os 2% relativos ao prêmio de exclusividade pago às usinas sócias, o aumento do Ebitda "ajustado" chegou a quase 67%, para 488 milhões