Crédito ficará restrito para o setor
06-10-2014

Representantes de instituições financeiras acreditam que a tomada de crédito deve ficar cada vez mais restrita para o setor sucroenergético e as companhias que conseguirem financiamento tendem a balizar o mercado.

Para essas empresas, o investimento em competitividade é a saída para se manter durante a crise das usinas.

A avaliação foi dada ontem (2) durante debate promovido pela Demarest Advogados, com a participação de organizações como os bancos Rabobank e Credit Agricole, Unica, entre outras.

Para o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, a quantidade de subsídios dados ao segmento de combustíveis em benefício à gasolina, justificam o endividamento do setor canavieiro ter atingido R$ 68 bilhões desde 2007. "O setor enfrentou desafios colossais nos últimos anos e ainda enfrenta", enfatiza. De acordo com o gerente de pesquisa do Rabobank, Andy Duff, na moagem de cana cerca de R$ 80 por tonelada correspondem apenas a pagamento de dívidas.

"Quando você vê a alavancagem da dívida subindo gradativamente e se foca apenas nos números, não é nada que não ocorra em outros setores. Mas pensando em no brasileiro, onde há problemas com falta de regras e de previsibilidade para investimentos, aqueles mesmos números tomam proporção muito maior", explica o CFO da Copersucar, Leopoldo Viriato Saboya.

De acordo com os executivos, ter uma base industrial agrícola não é o problema, considerando a estrutura econômica do segmento, porém, ressalta a extrema dependência bancária na qual o setor sucroenergético se instalou, fato que tem tornado cada vez mais difícil "vender o Brasil" [a produção nacional] lá fora.

Nos últimos anos, a dependência das usinas por medidas como o Programa de Sustentação de Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aumentou ainda mais, pois, para o diretor-geral do Grupo Tereos, Jacyr Costa Filho, a única forma de manter a competitividade é investindo na capacidade produtiva da indústria sucroenergética.

Entretanto, a crise foi descrita como uma curva de aprendizado e o setor tende a levantar mais forte.

"Entendemos que os ciclos fazem parte da vida no agronegócio", afirma o executivo do Rabobank.