Cresce busca por cestas básicas após demissões em massa em Sertãozinho
08-06-2015

Prefeitura diz que 1,6 mil kits estão sendo distribuídos por mês: alta de 20%.

Segundo Caged, 569 postos de trabalho foram fechados até abril na cidade.

A crise do setor sucroenergético e a consequente alta nas demissões em Sertãozinho (SP) – no ano passado, 2 mil postos de trabalho foram fechados e, esse ano, 569 trabalhadores já foram dispensados – levaram ao aumento na procura por benefícios assistenciais na cidade, que tem pouco mais de 118 mil habitantes.

Segundo dados da Prefeitura, o número de cestas básicas distribuídas aumentou 20% nos primeiros meses do ano. Ao todo, 1,6 mil kits com alimentos não perecíveis estão sendo entregues por mês, sendo a maioria para famílias de metalúrgicos recém-demitidos.

É o caso do caldeireiro Valdenir Rodrigues, que foi dispensado da usina em que trabalhava há 10 anos, junto com outros 100 funcionários, em setembro do ano passado. Sem conseguir se recolocar no mercado de trabalho e sem o seguro desemprego, ele recorreu à cesta básica distribuída pela Prefeitura.

Rodrigues diz que já distribuiu currículos em diversas empresas da cidade, mas não obteve resposta de nenhuma delas. O salário que a mulher recebe está sendo insuficiente para cobrir as despesas do casal e dos dois filhos, de 5 e 13 anos. A situação ficou pior depois que o caldeireiro sofreu um acidente.

“Já deixei as contas acumular para poder comer. Não sei mais o que fazer. O plano B é conseguir um emprego, mesmo que não seja na minha área. Vou encarar qualquer coisa porque preciso levar comida para casa”, afirma.

Ajuda temporária

A secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania, Janaina Mói Crosara, explica que a cesta básica é um benefício estabelecido por lei, mas temporário. Por isso, após o aumento da procura, a pasta está fazendo a reavaliação constante das famílias, para priorizar aquelas que realmente necessitam do serviço.

“Nós estamos percebendo que muitas pessoas que antes conseguiam sustentar suas famílias, nesse momento perderam os empregos. Então, aqueles que nunca tinham utilizado esses benefícios eventuais, como a cesta básica, têm nos procurado com mais frequência”, diz.

Ainda de acordo com Janaína, o apoio da população, de igrejas, ONGs e outras entidades filantrópicas tem sido fundamental para auxiliar o trabalho da Prefeitura, que também enfrenta dificuldade devido à queda na arrecadação.

“Empresas, academias organizam eventos como corridas, apresentações culturais e solicitam alimentos como entrada, que são remetidos ao Fundo Social de Solidariedade. Então, com essas campanhas, nós estamos conseguindo atender a essa demanda”, afirma.