Cresce emprego formal nas usinas, diz Cepea
20-07-2018

95% dos ocupados nas usinas de açúcar e etanol têm carteira assinada. Já na agroindústria como um todo, esse percentual só chega a 58%

Empregando quase um milhão de pessoas, o setor sucroenergético é um dos principais responsáveis pela formalização do trabalho agroindustrial no País. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), 95% dos ocupados nas usinas de açúcar e etanol têm carteira assinada. Já na agroindústria como um todo, esse percentual só chega a 58%. Por isso, os salários da cadeia produtiva da cana subiram de 35% a 60% entre 2006 e 2016.

Pesquisador do Cepea, Leandro Gilio explicou que, no mercado de trabalho brasileiro, a informalização está muito ligada ao setor primário. Essa relação, porém, não se faz presente na cadeia sucroenergética, tanto porque o uso de equipamentos exige qualificação técnica na colheita da cana, quanto porque essa atividade está muito ligada à atividade industrial (produção de açúcar e etanol), a qual, por si só, já registra um nível de formalização maior.

“Houve uma transformação no setor relacionada à qualidade dos empregos. Com a mecanização, surgimento de novas usinas e maior organização e profissionalização do setor, houve mais demanda por trabalhadores com maior qualificação. Além disso, como o setor primário é altamente relacionado com as indústrias, há uma maior tendência à contratação de trabalhadores de modo formal”, detalhou Gilio, dizendo que, por isso, a diferença do nível de formalização também é grande quando se olha apenas a atividade agrícola da cana. Nesse caso, 80% dos ocupados pelo setor sucroenergético têm carteira assinada. Essa taxa, porém, cai para 17% quando se analisa a agricultura brasileira de modo geral.

Por conta disso, a cadeia sucroenergética é responsável por 8% de todos os empregos formais gerados no agronegócio nacional. Ainda segundo o estudo do Cepea, o setor empregava cerca de 795 mil pessoas em 2016 - segundo o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar), esse número já chega perto do um milhão, sendo 300 mil no Nordeste e até 70 mil no Estado. E esses trabalhadores recebem salários mais altos que os concedidos na década passada - de acordo com o Cepea, o rendimento do setor varia de R$ 1,2 mil a R$ 6,3 mil, de acordo com o tempo de estudo dos trabalhadores.

“É um emprego que se caracteriza pela empregabilidade formal e que oferece pisos salariais, tanto nas atividades agrícolas, quanto na indústria e no transporte, superiores ao salário mínimo”, confirmou o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha, lembrando que, por conta disso e pelo fato de não estar limitado às regiões metropolitanas, o setor sucroenergético contribui com o desenvolvimento nacional. “Os trabalhadores da cana atuam sobretudo no interior dos estados, fazendo com que haja cada vez mais circulação de mão de obra e fortalecendo a interiorização do desenvolvimento”, pontuou Cunha.