Criação de entidade pode ser alternativa para mudar realidade das “Mulheres da Cana”
21-03-2019

Sugestão é baseada na experiência de profissionais do setor cafeeiro, que será relatada pela jornalista Josiane Cotrim Macieira durante o VIII Encontro Cana Substantivo Feminino

A criação de uma entidade representativa – juridicamente constituída – das “Mulheres da Cana”, poderá desempenhar um papel facilitador para o encaminhamento de demandas e necessidades das profissionais do setor, como a realização de projetos, obtenção de financiamentos, acesso a treinamentos e programas de capacitação, além de diversas parcerias.

Essa é a sugestão da jornalista Josiane Cotrim Macieira, idealizadora da fundação da Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA) no Brasil, que participa nesta quinta-feira (21/03) do painel “Mulheres na Gestão” no VIII Encontro Cana Substantivo Feminino, que acontece no Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), em Ribeirão Preto, SP.

Somente organizadas as mulheres vão ter voz, inclusive junto a instituições públicas, diz Josiane Cotrim Macieira. Atualmente, ela é presidente honorária da IWCA Brasil e integra o time responsável pelas relações com os capítulos da InternationalWomen`sCoffee Alliance (IWCA). Formada emJornalismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Josiane é mestre em Comunicação Política e Marketing Político pela Dublin City University.

Segundo ela, a experiência da IWCA pode ser replicada para outros segmentos do agronegócio, como os de cana-de-açúcar, cacau e algodão. Um dos motivos da criação da entidade foi tirar a “invisibilidade” das mulheres do café, criando condições para a conexão, capacitação e o empoderamento das profissionais do setor cafeeiro.A IWCA Brasil foi fundada em 2012, com a finalidade de inspirar e fortalecer as mulheres por meio do acesso a treinamento, aprendizado e informação, defender a redução de barreiras para as profissionais do setor cafeeiro proporcionando acesso a mercado erepresentar as mulheres em instâncias nacionais e internacionais, entre outros objetivos.

A criação da entidade viabilizou a participação das mulheres envolvidas na atividade cafeeira em importantes projetos. Exemplo disso é a inclusão da IWCA Brasilno “Programa Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero significa bons negócios”, que é resultado da aliança estratégica e da cooperação entre ONU Mulheres, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a União Europeia (EU) com a finalidade de promover a igualdade de gênero.

A superação de desafios e diversas histórias inspiradoras de profissionais do setor cafeeiro são detalhadas no livro “Mulheres dos Cafés no Brasil”, cuja edição impressa está sendo lançada inclusive no VIII Encontro Cana Substantivo Feminino. A publicação, que é resultado de um trabalho conjunto entre Embrapa e IWCA Brasil, conta com a participação de mais de 40 autores, que colaboraram com a produção de cerca de 300 páginas e 17 capítulos, que descrevem a realidade nos cinco principais estados cafeeiros do Brasil (Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Bahia e Rondônia), destacando as mulheres que trabalham em pequenas propriedades.Josiane Cotrim Macieira é uma das editoras técnicas da publicação.

Sempre envolvida com as “batalhas” das mulheres do setor cafeeiro, a idealizadora da fundação da IWCA Brasil presidiu a entidade até 2014. A ideia é passar logo o bastão para que novas lideranças sejam formadas – enfatiza. A presidência é sempre assumida, em um mandato seguinte, pela vice-presidente, sem a realização de eleição – informa.  “A nossa filosofia é aprender fazendo”, diz. A atual presidente da IWCA Brasil é Cintia Matos, produtora de café de Reduto, da região das Matas de Minas Gerais.

A InternationalWomen’sCoffee Alliance (IWCA)– a qual a IWCA Brasil está ligada – surgiu em 2003 a partir do encontro de mulheres da indústria do café dos Estados Unidos com produtoras de café na Nicarágua. A metodologia da IWCA é o “successthroughlocalization”, ou seja, criar capítulos nos países produtores e consumidores. Atualmente existem capítulos em 23 países.