Demanda por etanol dispara; preço vai depender da capacidade das usinas
30-04-2015

Este ano começa com um cenário bem diferente do registrado no ano passado para o setor sucroenergético. Em 2014, a demanda estava fraca no primeiro semestre, o que obrigou a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar) a adotar uma campanha de apoio às vendas.

Deu resultado, e as vendas começaram a aquecer a partir de outubro. E continuam nesse ritmo até agora.

É o que deve mostrar a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) quando divulgar os dados de consumo deste mês.

Os números das usinas já apontam para esse aquecimento. Saíram da porta da indústria 729 milhões litros de etanol hidratado apenas na primeira quinzena do mês, 51% mais do que em igual período do ano passado.

Um dos pontos favoráveis ao crescimento da demanda desde o final do ano passado foi que, mesmo com o mercado aquecido, não faltou álcool. Os estoques estavam elevados e garantiram não só o volume adequado mas preço favorável para o consumidor.

O bom deste ano para o setor é que a demanda continua intensa, mas a oferta de etanol também terá de ser contínua.

Qualquer problema na oferta de álcool no segundo semestre fará com que o ponto de equilíbrio entre demanda e oferta passe a ser os preços.

Ou seja, os preços vão subir até o ponto em que o consumidor esteja disposto à utilização do álcool. Um retorno dele à gasolina, nos patamares dos de há um ano, vai ser complicado para as usinas, que, enfim, estão conseguindo um ritmo maior de produção.

Esse cenário, porém, não deverá ocorrer. Há cana para moer, e São Paulo será o fiel da balança nesse setor.

A região centro-sul moeu 12% mais cana neste início de safra em relação a 2014. Mas São Paulo não participou dessa evolução. Ao contrário, teve retração de 27% na moagem do período.

Esse aumento veio basicamente dos demais Estados que compõem a região, que tiveram crescimento de 78%.

A safra paulista está atrasada, e a produtividade da cana é baixa. Mas, a partir do início de maio, as usinas paulistas vão manter um ritmo mais intenso de produção, e com cana em melhores condições.

A grande dúvida para o mercado, portanto, continua sendo a mesma dos últimos anos. O clima vai ajudar?

Pé no freio As empresas de consultorias e de projetos agrícolas estão de braços cruzados. As incertezas da economia e a própria queda das cotações das commodities frearam os projetos que estavam em andamento ou saindo da gaveta.

Preocupante Essa paralisação coloca em xeque o avanço tecnológico da agropecuária brasileira. Todos os novos projetos contemplam esse aspecto.


Produtividade O pé no freio em novos projetos deixa, também, de trazer mais produtividade para as culturas do país. Diante dos atuais aumentos de custos, resta aos produtores brasileiros elevar a produtividade.

A dança do tomate O produto volta à pauta da inflação. Neste mês, a alta dos preços no atacado foi 41%, segundo pesquisa do IGP-M, da FGV.

Compensa A alta do tomate foi compensada, em parte, por batata e feijão, que caíram 16% e 9%, respectivamente, neste mês, aponta o índice da FGV.

*Texto publicado na coluna Vaivém das Commodities.

Mauro Zafalon