Demissão do presidente da Petrobras pode ser duro golpe para o setor sucroenergético
22-02-2021

Esse é um cisne negro que pode mudar a trajetória de preços do açúcar no mercado internacional

*Arnaldo Luiz Corrêa

Quando eu estava escrevendo o relatório semanal sobre o mercado de açúcar, surgiu a notícia de que o presidente Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras. Esse é um cisne negro que pode mudar a trajetória de preços do açúcar no mercado internacional e pode ser um duro golpe para o setor sucroenergético.

Nunca existiu na história republicana recente do Brasil um presidente mais estelionatário do que Jair Bolsonaro. Nada do que prometeu na campanha presidencial foi entregue. Não se coçou para apresentar projetos para as reformas política, administrativa e fiscal. Travestiu-se de um liberal e prometeu “menos Brasília e mais Brasil”, com mínima interferência do Estado. Acenou com privatizações e cortes de despesas.

Usou a bandeira da tolerância zero com crime e do apoio incondicional à Lava Jato. Usou a imagem de Sérgio Moro para se promover e, como sempre ocorre com quem lhe faz sombra, fritou o ministro. Sua canalhice agora é coroada com a demissão do presidente da Petrobras, apenas porque a empresa – que existe para dar lucro – segue os preços internacionais do petróleo repassando-os para o consumidor. Seu despreparo é tão grande que ignora que na formação do preço ao consumidor 53% refere-se ao preço do petróleo no mercado internacional convertido em reais e os outros 47% são taxas/impostos/tributos e margem de comercialização de postos e distribuidoras.

Tudo indica que o setor sucroenergético vai acabar pagando indiretamente o preço de mais uma de suas inúmeras patifarias. Certamente a estatal do petróleo vai abandonar a política de transparência na formação de preços e todo o brilhante trabalho iniciado por Pedro Parente, cujo comando fez a empresa voltar a dar lucro depois de 4 anos seguidos de prejuízo, vai por água abaixo. Investidores estrangeiros devem mesmo abandonar o País enquanto esse desequilibrado estiver no poder.

É desanimador.

*Arnaldo Luiz Corrêa é diretor da Archer Consulting