Depois de dois anos, Biosev volta ao azul
12-02-2016

A sucroalcooleira Biosev registrou nos últimos três meses de 2015 seu primeiro lucro líquido trimestral depois de mais de dois anos de prejuízos. No trimestre encerrado em 31 de dezembro, equivalente ao terceiro trimestre da safra 2015/16, a companhia, controlada pela francesa Louis Dreyfus Commodities, teve um resultado positivo de R$ 162,8 milhões, ante uma perda líquida de R$ 86,2 milhões obtida em igual intervalo do ciclo 2014/15. A empresa não fechava no azul desde o segundo trimestre do ciclo 2013/14 (R$ 80 milhões).

Ao Valor, o presidente da Biosev, Rui Chammas, atribuiu o lucro líquido a uma combinação de fatores, como melhorias operacionais (agrícolas e industriais), aumento dos volumes e dos preços de venda de açúcar e etanol e impacto positivo da variação cambial sobre o valor justo do ativo biológico (canaviais).

A receita líquida no terceiro trimestre do atual exercício subiu 64,1%, para R$ 1,693 bilhão, e foi embalada por preços médios de açúcar 33,5% mais elevados e de etanol 19,5% mais altos. Apenas os preços médios de venda da energia elétrica caíram no período (18,3%).

Com isso, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 30,8% no trimestre, para R$ 437,6 milhões. Em contrapartida, no mesmo intervalo a margem Ebitda ajustada recuou 6,6 pontos, para 25,8%. "O custo unitário subiu e houve também o pagamento de ações trabalhistas que já foram julgadas em ultima instância", explicou Chammas.

O custo unitário, detalhou o executivo, subiu 17% no trimestre, para R$ 581 por tonelada processada, como reflexo do maior custo de aquisição de cana e de outros insumos, como diesel e produtos químicos. Além disso, refletiu a continuidade da moagem de cana em algumas unidades a partir de dezembro. Nesse caso, disse Chammas, os custos deixaram de ser classificados como "manutenção de entressafra" e foram contabilizados como "custos de produção", afetando o "custo unitário". Por outro lado, houve uma compensação na linha de investimentos "manutenção de entressafra", que recuou 83,2% no trimestre, para R$ 16,7 milhões.

Apesar do resultado positivo no terceiro trimestre, no acumulado dos nove meses de 2015/16 a companhia amargou prejuízo líquido de R$ 322,3 milhões, 16,4% maior que o de igual intervalo de 2014/15. Ainda, pesa sobre o balanço da Biosev uma dívida bruta de R$ 7,3 bilhões, que, apesar de 5,4% menor em relação ao trimestre anterior, inclui um montante de R$ 2,1 bilhões com vencimento em até 12 meses. "Em torno de 70% dessa dívida de curto prazo se refere a operações de financiamento de exportação e não nos gera dificuldades de renovação", disse.

Chammas reconheceu que a elevação das taxas de juros no Brasil vem aumentando o custo financeiro da companhia. Nos nove primeiros meses do exercício 2015/16, a Biosev pagou R$ 312,9 milhões com juros de empréstimos e financiamentos, um aumento de 45,9% frente a igual intervalo da temporada anterior. "Temos uma ótima relação com os bancos credores. As negociações estão sendo feitas diretamente, sem intermediação de consultorias", afirmou.