Digitalização avança nas plantações
02-05-2019

A digitalização promete ampliar a produtividade no campo com agricultura de precisão apoiada por tecnologias como internet das coisas (IoT), inteligência artificial e blockchain, graças ao empenho e parcerias de fabricantes de máquinas, implementos e insumos e fornecedores de softwares, tecnologia e telecomunicações. Uma das novidades é o ConectarAgro, reunindo AGCO, Bayer, CNH Industrial, Jacto, Nokia, Solinftec, TIM e Trimble.

A TIM aproveita a experiência no campo com clientes como Jalles Machado (GO), SLC Agrícola (BA) e AdeccoAgro (MS), com oferta de 4G/LTE na faixa 700 MHz para conectar equipamentos e pessoas. "Para cobrir o campo o agricultor gasta cerca de meia saca de soja por hectare", calcula Alexandre Dal Forno, gerente de produtos da operadora. "A conectividade ajuda a ter duas máquinas trabalhando em linha de forma automática e usar informações dos equipamentos em tempo real", diz o diretor de tecnologias industriais da CNH América do Sul, Gregory Riordan.

"A agricultura de precisão demanda conectividade para melhorar tarefas e cortar a distância entre o campo e o escritório ou dispositivo do gestor", avalia Guillermo Perez-Iturbe, diretor comercial para a América Latina da divisão de agricultura da Trimble, especialista em plataforma de gerenciamento da propriedade agrícola.

A Solinftec, especializada em plataforma de agricultura digital para conexão de equipamentos destinados a clientes dos segmentos sucroalcooleiro, citrícola e de grãos, é outra integrante da iniciativa. Com soluções que combinam IoT, telecom (satélites, celular, mesh ou rede própria de baixa frequência), nuvem e inteligência artificial, recentemente a empresa anunciou parceria comercial e tecnológica com a fabricante de equipamentos AGCO (Massey e Valtra), cujos clientes terão acesso direto aos produtos da Solinftec como complemento ao portfólio de agricultura inteligente Fuse, da AGCO.

Para Luis Oliveira, sócio da Bain & Company, avanços como barateamento de sensores e acesso a informações sofisticadas, como as de satélite, apoiam a revolução digital do agronegócio, mas há espaço a conquistar em questões dependentes de conectividade, como visão em tempo real de o que ocorre no campo. A John Deere aposta no uso de 4G/LTE na faixa de 250 MHz em parceria com a Trópico, que além de instalação da rede apoiará o produtor interessado junto à Anatel para requisição de licenças e outorgas.

A solução permite aumentar o escopo de automação das máquinas e oferecer, além de autonomia com direção sem operador, equipamentos com sensores e câmeras para análise do ambiente com capacidade de autorregulação, exemplifica o gerente de soluções integradas Rois Nogueira.

A Embratel também mira o campo com soluções como coleira conectada para controle de rebanho e otimização de janela de inseminação de vacas, controle de pragas - por meio de reconhecimento de imagem dos insetos capturadas por câmeras - e melhoria de irrigação por sensores de solo e umidade, detalha o diretor de negócios IoT, Eduardo Polidoro.

Por acordo fechado com a Agrus Data, a operadora lançou plataformas baseadas em sensores, nuvem e analytics - Agricultura Digital, Silos Conectados e Floresta Conectada -, com apoio da nova rede NB-IoT e conexões de satélite.

A Agres Sistemas, que recentemente vendeu 30% de participação para a italiana Tecomec, também oferece soluções para agricultura de precisão com sistemas como piloto automático e controladoras para aplicação de pulverização e fertilização e softwares de gestão.

A Agres emprega a plataforma cognitiva Watson, da IBM, para correlacionar dados de diferentes fontes, aponta o diretor administrativo Fernando Zanicotti. Blockchain, IoT e inteligência artificial estão entre as apostas da IBM para o campo. Um dos exemplos é o AgTrace, solução de rastreabilidade de alimentos orgânicos e café especial baseada em blockchain e desenvolvida com a Solinfitec já implantada na Fazenda da Toca (SP). "É o primeiro produto de prateleira com este perfil", diz Percival Lucena, cientista pesquisador em blockchain na IBM Brasil.

"O agrobusiness brasileiro é um dos mais avançados globalmente. O IoT é uma das próximas fronteiras em países com grande extensão rural", avalia Alberto Rodrigues diretor de tecnologia IoT da Ericsson, que se uniu a Vivo, Raízen e Esalq no Agro IoT Lab, em Piracicaba (SP), para promover pesquisa, desenvolvimento e inovação no segmento c om suporte de rede 4G/LTE em 450 MHz. A Basf também aposta no digital e traz para o Brasil a plataforma Xarvio, com o sistema de monitoramento Field Manager, para identificar localização e quantidade de plantas daninhas nas lavouras e gerar mapa para aplicação de herbicidas, e o aplicativo gratuito Scouting, para identificação de plantas daninhas, doenças e danos foliares por foto.

Valor Econômico