Efeito do petróleo na balança comercial é principal incógnita
23-10-2014

Ao lado da certeza sobre a perda no valor de exportação de soja e minério de ferro, a grande incógnita para o desempenho da balança comercial brasileira é o petróleo.

O deficit da "conta petróleo" vem diminuindo gradativamente, por conta do aumento de produção da Petrobras e da desaceleração do crescimento da importação de combustíveis, provocado pelo fraco desempenho da economia.

No ano passado, o setor registrou um rombo de US$ 23 bilhões em sua balança comercial. Neste ano, o prejuízo deve diminuir para algo entre US$ 17 bilhões e US$ 19 bilhões. Mas as estimativas para 2015 ainda estão muito díspares.

A queda do preço do barril seguramente vai diminuir o prejuízo com a importação de combustíveis. Além disso, a produção da Petrobras, que vinha muito fraca, deve seguir se recuperando.

A estatal, ainda, promete refinar mais combustível com a entrada em funcionamento da primeira fase da unidade de Abreu e Lima, em Pernambuco.

"Ainda não sabemos qual vai ser o ritmo de refino e, consequentemente, de exportação de petróleo bruto da Petrobras", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

"Por enquanto é temerário fazer previsões."


Já neste ano?

Além do impacto nas exportações em 2015, a queda no preço das commodities já foi em parte absorvida pela balança comercial neste ano.

As exportações de minério de ferro em 2014 devem cair cerca de US$ 6,6 bilhões em relação ao ano passado.

A expectativa dos analistas é que os preços médios do produto exportado pelo país sigam caindo em 2015, o que pode representar US$ 4 bilhões a menos em vendas externas.

Segundo Rodrigo Maciel, sócio da Strategus Consult, o preço do minério de ferro foi prejudicado pelas medidas tomadas pela China para desacelerar sua economia.

O gigante asiático cortou o financiamento imobiliário e desestimulou os investimentos em infraestrutura --dois setores que consomem muito minério.

Maior produtor de aço do mundo, a China é o maior consumidor mundial de minério de ferro. O país responde por 60% dos negócios globais do produto transportado por navios.

Raquel Landim