Embrapa Agroenergia poderá auxiliar cooperação Brasil-Índia na área de etanol
03-02-2020

A Índia poderá contar com a expertise da Embrapa Agroenergia para aumentar a sua produção de etanol. Esse foi um dos desdobramentos da viagem que a comitiva da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, fez à Índia no período de 20 a 24 de janeiro. O Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroenergia, Alexandre Alonso, participou, a pedido da ministra, de quase todas as reuniões realizadas no país asiático.

“O governo indiano quer expandir dos atuais 6% para 20% a mistura de etanol na gasolina até 2030”, conta Alonso, enfatizando que a gasolina brasileira tem atualmente 27% de etanol em sua composição. A parceria brasileira poderá acontecer tanto no repasse de informações sobre o processo industrial de produção de etanol e construção de maquinário. 

Os motivos vão da necessidade de diminuir a dependência do petróleo para garantir a eficiência energética no futuro (a Índia importa 80% do petróleo que consome) ao desafio de aumentar a frota de veículos com sustentabilidade ambiental. 

“Nesse contexto, o desafio do Brasil e da Índia é o mesmo: desenvolver tecnologias para produzir biocombustíveis avançados a partir de biomassa barata e assim contribuir para a sustentabilidade ambiental e segurança energética no país”, enfatiza Alonso. 

Etanol pode virar commodity

Outra oportunidade para o Brasil seria a própria exportação do etanol excedente para a Índia. “Representantes da indústria brasileira, com o apoio do governo brasileiro, manifestaram interesse em transformar o etanol em commodity internacional”, disse Alexandre Alonso.

A Índia possui atualmente uma capacidade instalada para a produção de 4 bilhões de litros de etanol por ano, muito aquém  da demanda interna, que varia de 8 a 15 bilhões de litros, diz Alonso. O Brasil é atualmente o maior produtor de etanol no mundo e o maior usando cana-de-açúcar como matéria-prima, o que favorece a cooperação nesse âmbito.

O acordo de cooperação deverá ser feito com o Serviço de Pesquisa Agrícola da Índia (ICAR), instituto com o qual a Embrapa assinou um Memorando de Entendimento em 2016. A pedido da ministra Tereza Cristina, Alonso integrará o grupo de trabalho a ser formado entre Embrapa e ICAR para elaborar o plano de cooperação e será o ponto focal para as discussões iniciais com o Instituto Nacional do Açúcar.
Do lado brasileiro, há interesse no germoplasma de cana-de-açúcar indiano, considerado altamente produtivo. 

Brasil apresentou política do Renovabio

A política nacional de biocombustíveis – Renovabio – foi apresentada ao governo indiano como um modelo de política pública energética e ambiental.  Com metas definidas até 2029, o Renovabio busca diminuir as emissões de gases causadores do efeito estufa ao mesmo tempo que aumenta a eficiência energética dos biocombustíveis. 

Alonso observa que a Índia  já possui uma política nacional de biocombustíveis bem elaborada, mas pouco implementada. Aliado a isso, o país asiático teve uma grande produção de açúcar no último ano, o que ocasionou a queda no preço da commodity.

A abertura do mercado asiático para as exportações brasileiras inclui, além do etanol, o gergelim e sementes de milho. Na área de produção animal, haverá cooperação em sanidade animal envolvendo pecuária e pesca, capacitação técnica em pesquisas e intercâmbio de material genético. Em 2016, a Embrapa já havia firmado dois memorandos de entendimento para a capacitação de técnicos indianos em fertilização in vitro. 

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia