Emprego em extinção no setor sucroalcooleiro
06-04-2015

Pesquisa do IEA mostra que Sertãozinho e Pontal foram as que mais demitiram em todo o estado, em 2014.

Sertãozinho e Pontal foram as cidades que mais demitiram no setor sucroalcooleiro no ano passado, no Estado de São Paulo. A extinção de empregos na área foi comprovada em um levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA) com informações do Ministério do Trabalho e Emprego. Ao todo, o saldo de postos de trabalho formais ficou negativo em 22.551 no estado, número 18 vezes maior em relação a 2013.

Ainda segundo o estudo, todas as atividades do complexo agroindustrial do açúcar e etanol (cultivo de cana, fabricação de açúcar e de etanol) registram, ano após ano, sucessivas quedas na geração de empregos.

“As estatísticas corroboram a crise estabelecida no setor e noticiada há meses. Nos últimos anos, indústrias foram fechadas e trabalhadores perderam seus empregos. Alto custo de produção aliado à perda de competitividade com os preços do açúcar e álcool reforçam a crise do emprego no setor sucroalcooleiro”, informou o IEA.

“Soma-se isso a crise hídrica dos últimos meses que diminuiu a produção de cana-de-açúcar a ser processada pelas usinas que decidiram interromper suas atividades, ocasionando o menor número de admissões, bem como engrossando o número das demissões.”

Indústria

Segundo o IEA, não apenas nessas usinas processadoras os empregos foram afetados, mas também os empregados em indústrias fornecedoras de peças e equipamentos, como é o caso do município de Sertãozinho, segundo maior município do estado em número de demissões, com saldo negativo de 322 vagas em 2014.

“É um reflexo do que o setor energético está vivendo e o setor de bens de capital não escapa, estamos com 40% da nossa capacidade produtiva, estamos demitindo para poder adequar a esse quadro. É um beco sem saída, pois não temos condições financeiras para investir em tecnologia para outros segmentos, e nem tempo”, diz Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do Ceise-Br.

Ainda segundo ele, medidas como o aumento da mistura do etanol na gasolina e a volta da Cide no combustível, deram um fôlego para o setor. “Também é preciso encontrar alternativas, como a cogeração de energia, para sair da crise”.