Empresas brasileiras trabalham para participar da modernização do setor canavieiro de Cuba
02-09-2015

Conhecida pelo regime comunista dos Castro, Cuba foi um grande produtor e exportador mundial de açúcar no passado. No auge, a ilha caribenha chegou a produzir mais de 8 milhões de toneladas, numa época em que o governo cubano tinha o Ministério do Açúcar, dando ideia da importância do produto para a ilha caribenha. Hoje a produção cubana é de menos de 2 milhões de toneladas por safra. “Atualmente as usinas cubanas estão sucateadas, são antigas e pequenas. Mas este setor em Cuba tem grande potencial e está em um processo de reformulação geral. Pela grandeza que teve no passado, este segmento tem muito espaço para crescer”, frisa Flávio Castelar, diretor executivo do Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool). E as empresas brasileiras querem participar desse processo de modernização da agroindústria canavieira de Cuba.

O antigo Ministério do Açúcar cubano transformou-se na AZCUBA - associação que representa todas as usinas cubadas, cujo presidente esteve presente na edição deste ano da Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho, SP. Além disso, dois representantes das usinas cubanas participaram das rodadas de negócios no estande da Apla/Apex na feira.
Mas o namoro entre as empresas brasileiras de equipamentos e serviços e as usinas cubanas começou bem antes da Fenasucro deste ano. Inclusive, em março de 2015 houve uma missão de empresas brasileiras à ilha. Na ocasião, 12 companhias brasileiras mostraram as vantagens e benefícios do know how e tecnologia brasileiros em toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. “Cuba é um país que vem avançando aos poucos em termos de abertura de mercado internacional. Há alguns anos, estamos fazendo aproximações com associações do setor, como a AZCUBA e agora teremos a oportunidade de estreitar ainda mais essas possibilidades comerciais”, explica Castelar.
Esta é uma parceria que vem sendo desenvolvida já há alguns anos. Segundo Castelar, em breve Cuba e Brasil deverão assinar um acordo de cooperação como foco na modernização total do setor sucroenergético cubano, utilizando tecnologia brasileira e engenheiros de Cuba. “Inclusive, a Odebrecht assinou um acordo para fazer gestão de uma usina no país, a Unidade 5 de setembro. Já estão começando a reforma desta usina.”
Mas, na opinião de Catelar, o problema é que com a reaproximação de Cuba com os Estados Unidos, empresas e consultores de outros países já começaram a visitar a ilha de olho no potencial do setor no país, que logisticamente é muito bem situado – está praticamente ao lado dos Estados Unidos e perto da Europa.
Além disso, existe um grupo de cubanos radicados nos Estados Unidos, chamado Fangu. “É um grupo forte que já tem usinas na República Dominicana, México e Estados Unidos. Antes do golpe liderado por Fidel Castro no país, este grupo já teve quatro usinas na ilha. Certamente é uma companhia que vai competir com a gente por mercado, mas estamos de olho para vender tecnologia também para eles”, frisa Castelar.
A aproximação do Brasil com Cuba faz parte das ações do Projeto Brazil Sugarcane Bioenergy Solution, o qual foi criado em 2006 pelo Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Os trabalhos no país caribenho visam promover produtos, equipamentos, soluções e a tecnologia do setor sucroenergético brasileiro na ilha.
A instalação de empresas estrangeiras em Cuba tem sido especialmente estimulada por medidas adotadas pelo Governo desde que o presidente cubano Raúl Castro assumiu o poder, em 2008, e que visam reformar o modelo econômico cubano, abrindo-o aos poucos à iniciativa privada. Ao passar dos anos, a economia e o comércio de Cuba estão se adaptando gradativamente, conforme os avanços, aproximações e investimentos de outros países, como o Brasil.


Veja mais notícias na Revista CanaOnline, visualize no site ou baixe grátis o aplicativo para tablets e smartphones – www.canaonline.com.br.