Endividada, Bunge recorre à oferta de ações do negócio de açúcar
17-05-2018

A Bunge Açúcar e Bioenergia, subsidiária da Bunge, protocolou ontem seu prospecto preliminar para oferta inicial de ações (IPO) e, segundo dois executivos próximos à operação, quer fazer a listagem até julho. A oferta é secundária, coordenada pelos bancos Itaú BBA, J.P. Morgan e Santander. A empresa vai testar, na sondagem inicial com investidores, uma avaliação entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões, conforme as fontes.

A empresa, que produz etanol, açúcar e bioenergia a partir da cana-de-açúcar, não vai chegar à bolsa em seu melhor desempenho. No ano passado, a subsidiária da Bunge registrou prejuízo de R$ 57,6 milhões, ante lucro de R$ 531,4 milhões em 2016. O resultado líquido do primeiro trimestre de 2018 continuou no vermelho, com prejuízo de R$ 111,9 milhões. A receita operacional líquida ajustada no trimestre foi de R$ 273,6 milhões.

O sucesso do IPO é condição precedente para a reestruturação da dívida da empresa com seu controlador. Ao fim de março, o saldo dessa dívida estava em R$ 2,944 bilhões, com custo médio de 8,7% ao ano - parte é remunerada por uma taxa anual fixa de 7,5% e outra, de 11,5%. Conforme o prospecto preliminar, após o IPO, a dívida da companhia com o grupo passará a ser denominada em dólares, num total de US$ 700 milhões. O custo passará para Libor mais 2,75% ao ano. Não há informação sobre prazos. De acordo com o documento, o contrato de empréstimo de capital de giro atual será trocado por um financiamento de pré-exportação de usinas.

Outras duas empresas em fase de sondagem com investidores estão avaliando alternativas ao IPO, apurou o Valor. A fabricante de produtos de informática Multilaser segue com o processo para listagem até julho, mas também contratou um assessor financeiro e um escritório de advocacia para avaliar uma venda direta de participação, em torno de 25%, conforme uma fonte. "A empresa está em processo de 'dual track' e, se chegar em acordo para venda de participação, postergará a oferta", diz uma fonte. A Multilaser ainda não fez o registro de empresa aberta ou protocolo de prospecto, o que está previsto para o fim do maio.

Já o grupo catarinense de shoppings Almeida Junior, que contratou bancos em março, estuda deixar o IPO para 2019. Um executivo próximo à companhia afirma que há novas receitas a serem capturadas este ano, de estratégias já implementadas, e que podem tornar o balanço mais robusto para o ano que vem. A decisão se dará nas próximas semanas, conforme esse executivo. Na fila de IPOs até julho estão também o banco Agibank, a subsidiária de cartões do Banrisul e a varejista Quero-Quero.