Enquanto agrícola e a indústria não falam a mesma língua, a qualidade da cana cai
14-10-2016

Colheita mecanizada leva para a indústria, além dos colmos, as chamadas impurezas mineiras e vegetais

O processo de colheita mudou muito nos últimos anos, a máquina domina os canaviais e a queima da palha está cada vez mais ausente. Mas o que mudou muito pouco é o entendimento, o diálogo entre as áreas agrícola e industrial das usinas. Muitos, ainda não perceberam que é preciso trabalhar em conjunto para obter matéria-prima com qualidade, reduzir custos e produzir mais e melhor açúcar e etanol.
Enquanto isso, em grande parte dos canaviais brasileiros, por falta de nivelamento dos terrenos, a máquina acaba colhendo, junto da cana, grandes quantidades de terra. Isso sem falar da palha, pontas e folhas verdes, que antes eram queimadas para que o corte manual pudesse ocorrer. Outras tantas colhedoras colhem acima da velocidade indicada, aumentando a quantidade de impurezas e matando soqueiras. O resultado final é uma matéria-prima de péssima qualidade e, consequentemente, problemas no processo de fabricação do açúcar.
Márcia Mutton, professora adjunto do departamento de tecnologia - FCAV/Unesp - (Jaboticabal), explica que esses problemas ocorrem, porque a matéria-prima vinda do campo apresenta certos compostos inorgânicos, como potássio, cálcio, silício, ferro e cobre. Com o sistema de colheita mecanizada é levado para a indústria, além dos colmos, as chamadas impurezas mineiras e vegetais, o que acaba aumentando, significativamente, o teor desses elementos. A presença de sódio, potássio, cálcio e magnésio, por exemplo, que não foram previamente separados na clarificação da calda, compromete a cristalização da sacarose, o que reduz a quantidade de açúcar produzido e aumenta a quantidade de melaço residual.

Além disso, há comprometimento na incrustação dos evaporadores e elevação do teor de cinzas no cristal, o que afeta a filtrabilidade do caldo. Já o ferro pode causar o amarelecimento do cristal de açúcar, através da reação com o oxigênio do ar e compostos fenólicos presentes. “Esses compostos devem ser retirados do caldo para que a produção atinja bons níveis de qualidade, atendendo, dessa forma, as especificações do mercado, que exige pol, cor e pureza, e penaliza falta de padrão”, afirma Márcia.
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