Entrega de materiais RB em mudas
02-07-2014

O sistema de mudas pré-brotadas para a formação de viveiros sadios é uma das grandes novidades do setor sucroenergético 

e tem sido acompanhado com grande expectativa pelos produtores, que enxergam essa tecnologia como um importante caminho para o aumento da produtividade dos canaviais. Há produtores que já se preparam para esta nova realidade formando mudas de introduções de novas variedades pelo sistema de gema pré-brotada em suas próprias propriedades. E isso não ocorre apenas no Brasil. No México, os Grupos Piasa, Engenhos Tres Valles e Adolfo López Mateos têm estufas para receber as novas introduções de variedades e a partir daí fornecer aos seus fornecedores.

Para Hermann Hoffman, coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Ridesa/UfSCar (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético da Universidade Federal de São Carlos), essa nova tecnologia atende uma grande demanda do setor, que é de um plantio de melhor qualidade. Em diferentes aspectos, como quantidade de muda gasta, disseminação de doença, sanidade dos viveiros, e vigor de desenvolvimento da planta, essa metodologia traz vantagens. "Ela garante a produção de mudas sadias e, consequentemente, a formação de um canavial com menos falhas, maior longevidade e mais produtivo", afirma.

Segundo Hermann, é nessa área de plantio em que mais o setor tem de se desenvolver. Por isso, a Ridesa/ UfSCar está aberta a firmar contratos de licenciamento com as empresas que visam oferecer mudas sadias às usinas e produtores de cana-de-açúcar. "Dessa forma, estamos colaborando para o desenvolvimento do setor canavieiro em áreas importantes, como formação de viveiros, o que foi deixado em segundo plano por muitos produtores nos últimos
anos.

Por ter essa visão, a instituição fechou parceria com os maiores sistemas privados de produção de mudas sadias de cana-de-açúcar para o setor. "É um serviço importante que essas duas companhias estão prestando aos produtores canavieiros", sublinha Hermann.

A Ridesa/UfSCar deverá firmar contrato com outras empresas que também possuem sistemas de produção de mudas sadias de cana-de-açúcar. "Quem quiser multiplicar nosso material, respeitando a propriedade intelectual e garantindo sanidade, poderá fazê-lo", frisa Hermann.

Ele assegura também que qualquer produtor vinculado a associações conveniadas à Ridesa e que esteja interessado em formar um viveiro a partir de mudas sadias terá acesso às RB´s, independente do sistema que utilize.

A disponibilidade dos materiais RB em todos os sistemas de mudas sadias é fundamental porque essas variedades são as mais plantadas pelo setor sucroenergético no País. Para se ter ideia, no último censo varietal realizado pela Ridesa/UfSCar, em 2013, nos Estados de São Paulo (maior produtor nacional de cana-de-açúcar) e Mato Grosso do Sul (5o maior produtor nacional) as variedades RB são as preferidas dos produtores de cana.

As variedades da Ridesa ocupam 65,3% da área total de plantio nos dois estados, além de corresponderem a 59,6% da área de corte e a 60,6% da área de cultivo. Nos três levantamentos, os materiais RB estão à frente das variedades CTC, SP, IAC e CV. A pesquisa tem amostra significativa, sendo realizada com 120 usinas de açúcar e etanol de São Paulo e Mato Grosso do Sul.


Plene

As variedades RB estão disponíveis para os produtores de cana dentro da tecnologia Plene, da Syngenta. Isso é possível porque a Ridesa tem um acordo com a empresa, o qual permite que seu banco genético de variedades de cana esteja disponível para a base de clientes da Syngenta, ampliando a gama de materiais que comercializa dentro das plataformas Plene PB e Plene Evolve. A Syngenta tem a mesma parceria com o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).

"Com as parcerias, temos agora à disposição o melhor e mais completo portfólio de variedades para o plantio de cana-de-açúcar do mercado", afirma Adriano Vilas Boas, diretor Global de Marketing da Syngenta. É pela parceria que tem com instituições como a Ridesa que a Syngenta "reforça sua oferta de soluções integradas com tecnologia para o aumento de produtividade e qualidade na produção brasileira de açúcar e etanol", pontua o executivo.


Entrega de materiais RB em mudas

"Os sistemas de mudas sadias de cana para a formação de viveiros só trazem vantagens, pois garantem sanidade, confiabilidade na identidade do material entregue e facilitam aos produtores a se atualizarem mais rapidamente quanto as novas variedades disponíveis", explica Hermann. Inclusive, ele acredita que as usinas e fornecedores de cana podem ter bons resultados produzindo suas próprias mudas, adotando todas as técnicas preconizadas.

"Em matéria de plantio de cana, acreditamos que essa é a tendência", diz Roberto Chapola, pesquisador científico da Ridesa/UfSCar. "Por isso, pretendemos futuramente entregar os nossos materiais do Programa de Melhoramento Genético da Ridesa/UfSCar por esse sistema, como mudas pré-brotadas. Assim, evitamos disseminação de pragas, de doenças, ganha-se em confiabilidade na identidade do material entregue", explica Chapola.

Segundo ele, é possível que já em 2015 a Ridesa da Universidade Federal de São Carlos esteja oferecendo seus materiais para as usinas e produtores através de mudas pré-brotadas. Pensando nesse projeto, alguns investimentos em infraestrutura têm sido feitos desde o ano passado, como na montagem de estufas.

"Em curto prazo, essa tecnologia de plantio de mudas sadias vai tomar corpo, especialmente para a formação de viveiros", opina Chapola. "Mas para o plantio comercial deve demorar um pouco mais para essa tecnologia se estabelecer", concluiu.